13/04/2023
Médico condenado por retirar órgãos de criança viva pode ser preso, 23 anos após o crime; relembre o caso
POÇOS DE CALDAS, MG - Vinte e três anos depois de ser
acusado pela morte e retirada ilegal dos órgãos do menino Paulo Veronesi
Pavesi, de 10 anos, em Poços de Caldas, no Sul de Minas, o médico Álvaro Ianhez
poderá ser preso. Em abril do ano passado, Ianhez foi condenado a 21 anos e
oito meses de prisão, no entanto, o Supremo Tribunal Federal acatou um pedido
de habeas corpus feito pela defesa. Nesta semana, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG)
obteve decisão favorável em relação ao recurso que pedia a execução provisória
da sentença contra o médico. De acordo com o órgão, os argumentos foram
acolhidos pelo ministro Ricardo Lewandowski, que cassou a decisão da Sexta
Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Na época da condenação, o mandado de prisão expedido pela
Justiça mineira não chegou a ser executado, e Ianhez não deu entrada em nenhum
sistema prisional do Estado. Ele foi acusado por homicídio qualificado por
motivo torpe. Em sua decisão, o juiz responsável pelo caso considerou o crime
hediondo e não concedeu ao condenado a possibilidade de recorrer em liberdade. Álvaro e outros médicos são acusados de adotar procedimentos
ilegais para forjar a morte cerebral de Paulo Pavesi e, em seguida, retirar e
transplantar os órgãos da criança. O caso ficou conhecido como a “Máfia dos
Transplantes”. Outras condenações Outros dois médicos envolvidos no crime foram condenados em
janeiro de 2021. José Luis Gomes da Silva e José Luis Bonfitto também
responderam por homicídio qualificado por motivo torpe e não puderam recorrer
em liberdade. Já Marco Alexandre Pacheco da Fonseca, também médico, foi
absolvido pelo júri. A conclusão foi que a atitude do réu não gerou a causa da
morte do menino. Relembre o caso Paulo Veronesi Pavesi, de 10 anos, caiu de uma altura de 10
metros no prédio em que morava em Poços de Caldas, em abril de 2000. Ele foi
levado para o Hospital Pedro Sanches e, dois dias depois, transferido para a
Santa Casa da cidade, onde os médicos teriam constatado a morte cerebral e que
os órgãos da criança haviam sido retirados e transplantados. No entanto, a suspeita é que ele estava clinicamente vivo
quando seus órgãos foram retirados. O pai da criança desconfiou das circunstâncias da morte
depois de receber uma conta do hospital de quase R$ 12 mil. De acordo com as
informações, a cobrança era referente a medicamentos para remoção de órgãos,
que, na verdade, deveriam ser pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O caso levou a uma investigação sobre irregularidades no
esquema de transplante de órgãos em Poços de Caldas. A conclusão do inquérito
da Polícia Federal apontou que o exame para constatar a morte cerebral do
menino foi irregular. A investigação deu origem a outros inquéritos, e a Santa Casa
perdeu o credenciamento para realizar transplantes de órgãos. De acordo com o
Ministério Público, a documentação que comprovou a morte encefálica do menino
foi forjada com objetivo de tornar a criança uma doadora.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), na
denúncia consta que a equipe médica cometeu uma série de atos e omissões
voluntárias forjando a morte do menino para que ele fosse doador de órgãos. EM, com foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
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