12/04/2023
Polícia Federal ouve depoimentos de militares acusados de facilitação ou omissão nos atos golpistas
BRASÍLIA, DF - A Polícia Federal (PF) começou a ouvir hoje
(12) cerca de 80 militares do Exército sobre os episódios de invasão e
vandalismo em prédios públicos ocorridos em 8 de janeiro, na Praça dos Três
Poderes, em Brasília. Os investigadores buscam esclarecer a possível participação
ou omissão desses militares antes ou durante os atos golpistas, que deixaram as
sedes dos Três Poderes amplamente depredadas. Entre os militares já ouvidos nesta quarta-feira (12) está o
general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que era responsável pelo Comando
Militar do Planalto (CMP) no dia 8 de janeiro. Ele já foi ouvido pelos agentes
da PF. No Diário Oficial da União desta quarta-feira (12), o militar foi
exonerado da chefia do CMP. A medida era esperada desde 16 de fevereiro, quando
havia sido anunciada pelo Exército. Outro militar ouvido nesta quarta é o coronel Jorge Fernandes
da Hora, que no dia dos ataques era o chefe do Batalhão de Guarda Presidencial,
responsável pela proteção do Palácio do Planalto. Uma força-tarefa com aproximadamente 50 agentes foi montada
pela PF para colher os depoimentos dos militares. As oitivas ocorrem na
Academia Nacional de Polícia, em Brasília. A ideia é ouvir a todos num único
dia, técnica que visa evitar que um saiba o que foi dito por outros. A PF quer esclarecer, por exemplo, as declarações do coronel
Jorge Eduardo Naime, ex-comandante de Operações da Polícia Militar do DF, que
em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Democráticos,
conduzida pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, disse que membros do
Exército teriam tentado impedir a prisão de manifestantes. Outro ponto a ser esclarecido é o fato de tanques do
Exército terem sido colocados entre policiais militares e o acampamento de
bolsonaristas em frente ao Quartel-General, em Brasília, na noite do 8 de
janeiro. As pessoas acampadas no local, que pediam abertamente uma intervenção
militar para reverter o resultado das eleições, só foram presas no dia
seguinte.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu, no mês
passado, apuração preliminar para investigar a eventual responsabilidade de
militares do Exército nos atos antidemocráticos. A medida foi tomada após o
Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que os militares envolvidos com atos
golpistas devem ser julgados pela Justiça comum, e não pela Justiça Militar. Felipe
Pontes/Graça Adjuto, com foto: Joedson Alves – Agência Brasil
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