05/04/2023
Governo vai propor nova política de preços para a Petrobras com “cuidado e sensibilidade social”, diz ministro
BRASÍLIA, DF - O ministro de Minas e Energia, Alexandre
Silveira, afirmou nesta quarta-feira (5) que a União, principal acionista e
controladora da Petrobras, vai propor uma nova política de preços para a
companhia com o objetivo de ajudar "a combater perdas e solavancos
inflacionários". "Vamos tratar isso com todo rigor, cuidado e
sensibilidade social", afirmou Silveira a jornalistas, no Palácio do
Planalto, após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o ministro, a ideia é que uma nova política de
preços comece a ser discutida assim que tomarem posse todos os integrantes dos
conselhos que dirigem a companhia, o que está previsto para o fim deste mês. "O que eu disse é que, na assembleia geral, que será
feita dia 27, com o novo conselho definido, tanto o Conselho de Administração
quanto o Conselho Fiscal, o governo federal, como acionista majoritário, e como
controlador da Petrobras, vai, sim, discutir qual será a melhor política de
preços, para a Petrobras cumprir sua função social, que está na Constituição,
está na Lei das Estatais", afirmou. Mais cedo, em nota, a Petrobras reafirmou o compromisso com
a “prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado nacional”, evitando o repasse imediato de volatilidades
externas, provocadas por agentes conjunturais, bem como de oscilações da taxa
de câmbio. A nota foi uma resposta indireta às declarações do ministro em
entrevistas. Opep Alexandre Silveira defendeu um papel maior da Petrobras para
evitar a alta volatilidade dos preços internacionais de combustíveis, e citou a
recente decisão dos maiores produtores mundiais de petróleo, reunidos em torno
da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep). "Nós não podemos [aceitar], por exemplo, que o cartel
da Opep possa influenciar e esmagar o poder de compra dos brasileiros. E,
portanto, o governo do presidente Lula vai ter uma linha muito clara, nós somos
acionistas majoritários, respeitaremos a governança da empresa, sua natureza
jurídica, mas seremos vigorosos na defesa dos interesses do povo
brasileiro", afirmou. No início da semana, a Opep anunciou corte na produção de
cerca de 1 milhão de barris de petróleo por dia, após o preço do produto cair
para a faixa de US$ 70. A medida vai vigorar de maio até o fim do ano e deve
elevar o preço do barril. Derivados O ministro também defendeu investimentos no parque de refino
do petróleo no país para ampliar autossuficiência em derivados, especialmente
gasolina e óleo diesel. De acordo com Silveira, atualmente, o Brasil importa
13% da gasolina e 25% do diesel consumidos no mercado interno. "Ou seja, teremos que nos tornar autossustentáveis na
gasolina e, no médio prazo, na questão do diesel", afirmou, em uma
referência à necessidade de buscar independência das oscilações internacionais
de preços.
Silveira acrescentou que, para o governo federal, os custos
de produção da Petrobras, que são balizados em real, não podem ser calculados
em dólar, como a política de preços atual da empresa. "A Petrobras produz
em real e não pode ter seu custo calculado em dólar. Isso não faz sentido no
nosso governo", disse. Pedro Rafael Vilela/Nádia Franco, com foto: Fernando Frazão – Agência Brasil
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