03/04/2023
Autismo: preconceito está ligado à falta de informações; terapias ajudam no convívio social, diz neurologista
BRASÍLIA, DF - A neurologista pediátrica e neurogeneticista
brasileira Isabella Peixoto Barcelos, médica do Hospital Pediátrico da
Filadélfia, mais antiga instituição de pediatria dos Estados Unidos, afirma que
o preconceito sobre transtornos do espectro autista (TEA) está associado à
falta de informações. Neste domingo (2), é lembrado o Dia Mundial de
Conscientização sobre o Autismo. “Muito do preconceito que se tem hoje vem da falta de
conhecimento que ainda existe sobre autismo. As pessoas acham que a criança ou
o adulto que tem diagnóstico de transtorno de espectro autista tem limitações
que, na verdade, eles não têm. E ignoram que eles têm muitas qualidades que não
fazem ideia”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil. Isabela destacou que, às vezes, é possível ter um estudante
considerado gravíssimo que, muitas vezes, demonstra ser mais inteligente que os
demais da sala de aula. “Não existem todas essas limitações que se pensa a
princípio, que a pessoa é incapacitada, não pode ter uma vida emocional, não
pode trabalhar. Pelo contrário. O objetivo é tornar essa pessoa o mais
funcional possível, que ela se desenvolva o máximo, dentro da potencialidade
que ela carrega”, disse. Segundo a médica, esse desenvolvimento é possível com
terapias adequadas. No entanto, adverte que, para chegar a esse nível de
formação, terapeutas brasileiros precisam ter uma formação que inclua
graduação, mestrado em terapia comportamental com, pelo menos, 1,5 mil horas
práticas. “A terapia certa muda a vida dessas crianças, levando-as a
conviver em sociedade”, ponderou. Isabella Peixoto pretende criar um serviço
estruturado de autismo, quando retornar ao país. Comunicação
aumentativa e alternativa Alice Casimiro tem 24 anos e mora no Rio de Janeiro. É
autista nível 2 de suporte (moderado), TDAH e usuária de comunicação
aumentativa. Criadora da página Alice Neurodiversa, é ativista pela
neurodiversidade e ‘copywriter’ (especialista em redação publicitária). Ela diz que escrever na sua página permitiu que obtivesse
alguma independência financeira. A jovem faz ainda revisões de textos e, “uma
vez ou outra”, procura emprego formal. Embora seja uma pessoa mais calada,
Alice Casimiro afirma ter opiniões próprias, desejos e vontades. E usa
comunicação aumentativa para complementar o que consegue expressar falando.
De acordo com as especialistas Maria Lúcia Sartoretto e Rita
Bersh, autoras do site Assistiva, a comunicação aumentativa e alternativa
valoriza a expressão do sujeito, a partir de outros canais de comunicação
diferentes da fala, como gestos, sons, expressões faciais e corporais. Eles
podem ser utilizados e identificados socialmente para manifestar desejos,
necessidades, opiniões, posicionamentos, tais como: sim, não, olá, tchau,
banheiro, estou bem, sinto dor, quero (determinada coisa que se aponta), estou
com fome e outros conteúdos de comunicação necessários no cotidiano. Alana Gandra/Heloisa
Cristaldo – Agência Brasil, com foto: Ivomar Goems/Secom-JP
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