29/03/2023
Juiz da Lava Jato pede que PF investigue acusação de possível extorsão de Dallagnol e Moro contra advogado
BRASÍLIA, DF - O juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal em
Curitiba, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o depoimento do advogado
Tacla Duran, réu pelo crime de lavagem de dinheiro em um dos processos da
Operação Lava Jato. Na segunda-feira (27), durante depoimento prestado ao
magistrado, Duran voltou a levantar suspeitas sobre as atuações do
ex-procurador da República e agora deputado Deltan Dallagnol e do ex-juiz e
atual senador Sergio Moro na condução do processo no qual é acusado de operar
contas no exterior criadas pela extinta Odebrecht para pagamento de propina. No depoimento, o primeiro prestado desde o início das
investigações da Lava Jato, Tacla Duran disse que foi alvo de perseguição por
não aceitar ser extorquido. “O que estava acontecendo não era normal, era um bullying
processual”, afirmou. Duran disse que foi procurado por uma pessoa que atuou como
cabo eleitoral da campanha de Moro e por um advogado ligado à esposa dele,
Rosangela Moro. Este último teria oferecido um acordo de delação premiada
durante as investigações. A partir das menções, o juiz Eduardo Appio decidiu enviar o
caso ao STF, tribunal responsável pela análise de questões envolvendo
parlamentares com foro privilegiado. “Diante da notícia crime de extorsão, em tese, pelo
interrogado, envolvendo parlamentares com prerrogativa de foro, ou seja,
deputado Deltan Dallagnol e o senador Sérgio Moro, bem como as pessoas do
advogado Zocolotto e do dito cabo eleitoral Fabio Aguayo, encerro a presente
audiência para evitar futuro impedimento, sendo certa a competência exclusiva
do Supremo Tribunal Federal, na pessoa do excelentíssimo senhor ministro
Ricardo Lewandowski, juiz natural do feito, porque prevento, já tendo
despachado nos presentes autos”, decidiu. Por determinação do magistrado, Tacla Duran foi incluído no
programa de proteção à testemunha. O advogado mora na Espanha e prestou depoimento
por videoconferência. Outro lado Pelas redes sociais, Deltan Dallagnol afirmou que as
declarações de Tacla Duran são falsas e foram “requentadas pela terceira vez”. “Tacla Duran mentiu para Interpol que não haveria prisão
contra ele e forjou trocas de mensagens via e-mail para evitar que autoridades
bloqueassem seu dinheiro em Singapura. A história da carochinha de hoje é
requentada: MPF e PGR já investigaram e arquivaram 2 vezes”, afirmou. O senador Sérgio Moro disse que não teme qualquer
investigação e lembrou que Duran foi preso pela Lava Jato.
“Desde 2017 faz acusações falsas, sem qualquer prova, salvo
as que ele mesmo fabricou”, rebateu. Claudia Felczak, com foto: Marcelo Camargo – Agência Brasil
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