17/03/2023
Estudante autista de 17 anos é aprovado para o curso de Ciências da Computação no Ceará
FORTALEZA, CE - O estudante Nícolas Gabriel Santana Silva,
de 17 anos foi aprovado no curso de ciências da computação no Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Aos seis anos de idade ele
recebeu o diagnóstico de autismo, condição que lhe impôs alguns desafios
durante o ciclo escolar. A escolha pelo curso de ciências da computação é uma maneira
de dar continuidade ao estudo de uma área que é de interesse do aluno desde a
infância: a tecnologia. O jovem concluiu a educação básica na Escola Estadual
de Educação Profissional (EEEP) Salaberga Torquato Gomes de Matos, em
Maranguape. "Eu escolhi o curso de ciências da computação por causa
do curso técnico de informática, o qual eu já tinha gostado muito e quero
complementar meus conhecimentos", afirma o estudante. Nícolas é acompanhado de perto pela mãe, a dona de casa
Marinalva Silva, que insistiu em manter o filho na escola mesmo quando faltava
incentivo. “Quando alguém dizia que eu deveria tirá-lo da escola, ele
falava que iria estudar muito para mostrar a todos que o autista era capaz. Eu
sempre falava a ele que a escola era o lugar dos bons, e que ele era o melhor
de todos. Assim, até hoje, sempre que tem dificuldade, ele diz para si mesmo
que é capaz”, afirma. O esforço do jovem em permanecer estudando mesmo quando
sofria alguma crise impressionava tanto os familiares como as professoras da
escola onde estudava em Maranguape. A mãe chegava a emprestar o próprio celular
para que ele estudasse e fizesse as pesquisas. "Ele estava sempre na escola se esforçando, mesmo
quando tinha alguma crise durante as aulas, ele saía para falar com a
coordenadora e depois voltava e insistia em permanecer na escola. Mesmo nos
finais de semana ele não parava de estudar", revela a mãe. Futuro De acordo com a mãe do estudante, os primeiros dias de aula
já foram suficientes para deixar Nícolas encantado com o que começou a aprender
com os professores em sala de aula. O jovem afirma que deseja contribuir para a
expansão da tecnologia por meio dos estudos. "Eu quero expandir meus conhecimentos na área da
computação, passando pela robótica, construindo computadores, aparelhos
eletrônicos, automóveis, enfim, quero fazer a área da ciência da computação
expandir ainda mais", afirma. Sobre a graduação, além de conseguir dar conta das
disciplinas, aproveitando ao máximo o aprendizado, o rapaz pretende logo
conseguir uma vaga de estágio para ajudar nas despesas estudantis que vai ter
ao longo do curso. "Eu espero me adequar e aprender todas as matérias, que
são cerca de cinco, e também até o meio do ano conseguir um estágio na área
para ter uma renda que vai ajudar inclusive no meu deslocamento de ida e volta
até o IFCE, já que são quase R$ 10 por dia só para ir e voltar de lá", diz
Nícolas. A diretora da escola onde o jovem estudava, Janaína Belo,
também comemora a aprovação de Nícolas.
“Isso é a prova de que o olhar especial para a educação
inclusiva, que promova a equidade, vale muito a pena. A disponibilidade e a
disposição da mãe foram fundamentais para que todo o processo fluísse. Ela foi
uma grande parceira da escola, sempre chegava junto, ajudando para que
pudéssemos vencer juntos os desafios, entendendo que poderia auxiliar todos da
escola a compreenderem a condição do filho dela”, detalha a gestora. g1, com fotos: Arquivo Pessoal
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