14/03/2023
Polícia prende quadrilha de motoristas por aplicativos que sequestrava, roubava e estuprava passageiras
SÃO PAULO, SP - A Polícia Civil de São Paulo prendeu na
noite desta segunda-feira (14) uma quadrilha de motoristas de carros por
aplicativos de celular acusada de sequestrar, roubar, estuprar e abusar
sexualmente passageiras sozinhas. Três homens foram presos em flagrante pela Central
Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) da 4ª
Delegacia Seccional da Zona Norte. Houve troca de tiros entre os criminosos e
os policiais. Mas nenhum deles se feriu. Outro comparsa do grupo fugiu, foi identificado e é
procurado pelos policiais. Uma mulher que havia sido sequestrada pelos bandidos
foi libertada pela polícia. Ela estava dentro do carro por aplicativo usado
pela quadrilha. Os bandidos não chegaram a roubar dinheiro e nem abusar
sexualmente dela. Os policiais já estavam investigando o bando e o deteve
quando pegaram a vítima nos Jardins, bairro nobre do Centro de São Paulo, e
seguiam com ela pela região de São Miguel Paulista, na Zona Leste da capital. Segundo a polícia, a quadrilha pretendia levá-la para um
cativeiro em Itaquaquecetuba, cidade a Grande São Paulo. Os criminosos já eram investigados por usarem carros de
aplicativo e o cativeiro para cometerem crimes contra outras seis passageiras
neste ano na Grande São Paulo. Todas foram sequestradas e roubadas. Algumas
delas também acabaram estupradas ou violentadas sexualmente pelos bandidos. Como a quadrilha agia Para cometer os crimes, a quadrilha agiu da seguinte
maneira, de acordo com a investigação policial: - Os criminosos eram cadastrados como motoristas de carros
por aplicativos de celular. Quando uma mulher sozinha pedia uma corrida, o
motorista ia até o local e pegava a passageira. - Depois, durante o trajeto, ele fingia uma pane no carro e
parava o veículo. Nesse momento, outro veículo que seguia o automóvel também
parava e os bandidos desciam armados dele. - O grupo anunciava o assalto e entrava no carro por
aplicativo com a passageira e o motorista, que fingia ser vítima também. Mas na
verdade também era integrante da quadrilha. - A mulher abordada era ameaçada de morte pelo bando se não
transferisse dinheiro por Pix (transferência bancária por aplicativo de
celular) para contas dos criminosos. - Durante o assalto, a vítima era levada para um cativeiro
numa casa em Itaquaquecetuba. Lá, ela também podia ser abusada sexualmente,
como algumas vítimas relataram. 'Pra mim foi um
abuso', diz passageira “’Que gostosinha, vai ser uma pena se você
morrer...bonitinha, tão novinha’”, disse à TV Globo Giovanna Pacheco, uma
influenciadora digital de 19 anos, que foi outra vítima da quadrilha num dos
sete casos investigados em 2023 pela polícia. Vídeo gravado por câmera de segurança de um prédio mostra o
momento que ela pede um carro por aplicativo na madrugada de 2 de março. Ela foi chamada pelos policiais para ir à delegacia que
investiga o caso identificar os criminosos. “Pra mim foi um abuso: bater na
minha bunda”, disse a jovem, que foi importunada sexualmente. Segundo Giovanna, os bandidos ainda gravaram o abuso sexual
contra ela e enviaram as imagens para os celulares deles. Ela contou que ficou oito horas refém dos bandidos e foi
levada para dois cativeiros. Também falou que foi obrigada a passar R$ 10 mil
para as contas deles para não ser morta. “Queriam R$ 40 mil, mas eu não tinha”,
falou a influenciadora. A passageira só foi libertada pela quadrilha depois de
transferir o dinheiro. Os criminosos pediram um outro carro por aplicativo para
levá-la para casa. Em suas redes sociais, Giovanna comentou o caso e alertou as
mulheres para terem cuidado ao pedirem corridas por aplicativos. Delegado indiciou
bando por crimes Segundo a polícia, os três presos confessaram os crimes. “As vítimas ficavam em poder da quadrilha entre 1 hora a 12
horas. [Os bandidos] eram agressivos com as vítimas. [Eles] vão responder por
extorsão qualificada, roubo majorado [levar o bem de alguém sob ameaça],
tentativa de homicídio em cima dos policiais [por terem atirado contra os
agentes] e organização criminosa. Somadas as penas deverão passar mais de 40
anos na cadeia", disse o delegado Ronald Quene Justiniano, que também irá
responsabilizá-los por estupros e outros crimes crimes sexuais contra algumas
das vítimas.
A reportagem entrou em contato com as empresas responsáveis
por administrar os aplicativos de celular, mas não teve respostas até a última
atualização desta reportagem. g1, com foto: Anderson Colombo/TV Globo
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