09/03/2023

TCU: Bolsonaro terá que prestar depoimento e não poderá usar ou vender as joias que estão em seu poder



BRASÍLIA, D F - O ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU), concedeu medida cautelar para impedir o ex-presidente Jair Bolsonaro de usar as joias milionárias da Arábia Saudita. 

Bolsonaro também não poderá dispor das joias ou aliená-las. A proibição vale até quando o tribunal decidir sobre o que deve ser feito com os itens. 

O ex-presidente ficará como depositário das joias, mas sem poder fazer nada com elas. As informações são do Blog do Gerson Camarotti, do g1.

Vários ministros do TCU vinham defendendo a devolução imediata dessas joias, que estão em poder de Bolsonaro. A medida cautelar, portanto, adotou uma solução de meio termo. 

A decisão de Nardes também determina que Bolsonaro e seu ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, sejam ouvidos nas investigações. 

"Considerando o elevado valor dos bens envolvidos e, ainda, a possível existência de bens que estejam na posse de Jair Bolsonaro, conforme noticiado pela imprensa, entendo importante, determinar que o responsável preserve intacto, na qualidade de fiel depositário, até ulterior deliberação desta Corte de Contas, abstendo-se de usar, dispor ou alienar qualquer peça oriunda do acervo de joias objeto do processo em exame", escreveu o ministro. 

Joias sauditas 

O conjunto de joias que está em poder de Bolsonaro é composto por: 

- relógio

- abotoaduras

- anel

- caneta

- mosbaha (espécie de rosário) 

Esse pacote chegou ao Brasil em outubro de 2021, na comitiva oficial do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. A comitiva representou o governo em viagem à Arábia Saudita. 

Foi o governo saudita que deu as joias para a comitiva brasileira. 

Bento Albuquerque e assessores passaram pela alfândega do aeroporto de Guarulhos sem declarar que estavam com as joias, o que contraria a lei. 

Esse pacote que está em poder de Bolsonaro driblou a fiscalização. Só que agentes da Receita, no dia do desembarque, revistaram a mochila de um assessor de Albuquerque e conseguiram encontrar outro pacote. 

O conjunto encontrado pela Receita, que também não foi declarado pela comitiva, contém joias no valor de R$ 16,5 milhões. Para os fiscais no aeroporto, Albuquerque afirmou que os itens iriam para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro. 

Entendimento do TCU firmado em 2016 estabeleceu que presentes recebidos pelo governo brasileiro são patrimônio da União, não dos governantes. A única exceção são os itens "personalíssimos", como roupas e comida. Joias não são consideradas itens personalíssimos.

Blog do Gerson Camarotti/g1, com foto: Reprodução/TV Globo

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