07/03/2023
Diamantes para Michelle Bolsonaro: PF abre inquérito para investigar entrada ilegal de joias no país
BRASÍLIA, DF - A Polícia Federal (PF) informou na noite
desta segunda-feira (6) que abriu inquérito para investigar a suposta tentativa
de entrada ilegal de joias de alto valor em território brasileiro. O fato
ocorreu em 2021, com um conjunto de joias que o governo árabe supostamente
presenteou à então primeira-dama, Michelle Bolsonaro. As peças vieram na
bagagem de um assessor do governo e ficaram retidas no posto da Receita Federal
no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. “A Polícia Federal informa que instaurou nesta
segunda-feira, 06/03, inquérito policial para apurar ingresso irregular de
joias de elevado valor, procedentes da Arábia Saudita, as quais foram retidas
pela Receita Federal. A investigação será conduzida pela Delegacia
Especializada de Combate a Crimes Fazendários da Superintendência em São
Paulo”, informou a PF, em nota. “O inquérito encontra-se sob segredo de justiça
e tem prazo inicial de trinta dias para conclusão, com possibilidade de
prorrogação caso seja necessário”, concluiu. A participação da PF no caso foi pedida pelo ministro da
Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, horas antes, ainda nesta segunda. No
ofício ao diretor-geral da PF, o delegado Andrei Augusto Passos Rodrigues, o
ministro afirmou que, “da forma como se apresentam”, os fatos divulgados pela
imprensa “podem configurar crimes contra a administração Pública”. Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, as joias
foram encontradas na mochila do assessor do então ministro de Minas e Energia,
Bento Albuquerque, e estão avaliadas em cerca de 3 milhões de euros
(aproximadamente R$ 16,5 milhões). Albuquerque e seu assessor retornavam de uma
viagem oficial ao Oriente Médio. Ainda segundo o jornal, o então ministro teria
pedido aos servidores da Receita que liberassem as joias, mas os fiscais não
atenderam ao pedido, alegando que o ingresso no país com presentes oficiais de
governantes estrangeiros ao governo brasileiro obedece a trâmite legal
específico. Pela legislação, itens com valor superior a US$ 1 mil estão
sujeitos à tributação quando ingressam em território nacional. Nesse caso, além
do pagamento de 50% em impostos pelo valor dos bens, seria cobrada multa de 25%
pela tentativa de entrada ilegal no país, ou seja, sem declaração às
autoridades alfandegárias. Retidas pelo não pagamento dos tributos devidos, as joias
permanecem em posse da Receita. Toda a abordagem no aeroporto foi devidamente
filmada por câmaras de segurança existentes no local. O Ministério Público Federal (MPF) recebeu denúncia da
Receita Federal e pediu maiores informações sobre o caso. Em nota, o órgão
afirmou que o procedimento seguirá sob sigilo para evitar prejuízos à apuração. Outro lado Após a divulgação das denúncias, a ex-primeira-dama Michelle
Bolsonaro fez uma postagem em sua conta no Instagram para comentar o assunto.
Ela chegou a ironizar o caso. “Eu tenho tudo isso e não estava sabendo? Meu
Deus!”, escreveu. Já o ex-presidente Jair Bolsonaro negou qualquer
ilegalidade. À CNN, Bolsonaro afirmou que as joias iriam para acervo da
Presidência da República. Em nota, a assessoria do ex-ministro Bento Albuquerque
informou que as joias eram “presentes institucionais destinados à Representação
brasileira integrada por Comitiva do Ministério de Minas e Energia – portanto,
ao Estado brasileiro. E que, em decorrência, o Ministério de Minas e Energia
adotaria as medidas cabíveis para o correto e legal encaminhamento do acervo
recebido”.
A afirmação difere de declarações anteriores que o jornal
Folha de S.Paulo atribuiu a Albuquerque. Segundo o jornal, anteriormente, o
ex-ministro confirmou que as joias eram um presente do governo saudita a
Michelle Bolsonaro. Marcelo Brandão/Agência Brasil, com foto: Reprodução/Twiter
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