03/03/2023
Governo Bolsonaro tentou trazer de forma ilegal para o Brasil R$ 16,5 milhões em joias para Michelle
BRASÍLIA, DF - O governo de Jair Bolsonaro (PL) tentou
retirar de forma ilegal joias e colares da marca suíça Chopard, estimados em R$
16,5 milhões de reais e que foram apreendidos pela Receita Federal. Os bens
seriam presentes para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro, de acordo com
informações do Estadão. No dia 26 de outubro de 2021, durante fiscalização em
passageiros que desembarcavam em Guarulhos, São Paulo, vindos da Arábia
Saudita, agentes da alfândega encontraram na bagagem de Marcos André dos Santos
Soeiro, assessor de Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia a época, uma
escultura de um cavalo com cerca de 30 centímetros, dourada e com as patas
quebradas. Dentro da peça estavam os estojos com as joias e o certificado de
autenticidade da empresa suíça. Para que as peças fossem retiradas, assim como qualquer
objeto com valor superior a US$ 1 mil, é necessário o pagamento do imposto de
importação, referente a 50% do valor estimado do item, e mais uma multa de 25%
por tentar entrar de forma ilegal no Brasil. Nos dois últimos meses da gestão Bolsonaro, houve quatro
tentativas de recuperar as joias. Uma delas foi feita no dia 29 de dezembro,
por um funcionário da presidência que viajou ao aeroporto em um voo da Força
Aérea Brasileiro (FAB). A argumentação do 1º sargento da Marinha Jairo Moreira
da Silva, encarregado do caso, foi de que "não pode ter nada do [governo]
antigo para o próximo, tem que tirar tudo e levar", ainda de acordo com o
Estadão. No dia anterior, Jair Bolsonaro enviou um ofício para o
gabinete da receita solicitando que as pedras preciosas fossem enviadas à
presidência da República. Anteriormente, o Ministério de Minas e Energia e o
Ministério das Relações Exteriores também pressionaram o órgão aduaneiro para
conseguir a liberação das joias. A Receita voltou a repetir que a única forma
de retirar os bens é arcar com a multa e o imposto. Joias O valor das joias que seriam presentes para a primeira dama
estava estimado em R$ 16,5 milhões. O imposto e a multa custariam ao menos R$
12,375 milhões. Os bens poderiam ter sido desembarcados como um presente
oficial para o presidente da República. Contudo, caso fosse este o meio
adotado, seriam do Estado brasileiro e não da primeira-dama ou da família
Bolsonaro.
O ministro Bento Albuquerque relatou, ao ser inquirido por
um agente da Receita Federal, que seriam presentes para Michelle. “Como era uma
joia, a joia não era para o presidente Bolsonaro, né... Deveria ser para a
primeira-dama, Michelle Bolsonaro. E o relógio e essas coisas, que nós vimos
depois, deveriam ser para o presidente, como dois embrulhos.” EM, com foto: Carolina Antunes/PR
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