13/02/2023
AGU: 59 bolsonaristas, empresas e entidades devem pagar 20,7 milhões por prejuízos dos atos golpistas
BRASÍLIA, DF - A Advocacia-Geral da União (AGU) ingressou na
última sexta-feira (10) na Justiça Federal do Distrito Federal com pedido para
que a ação cautelar que bloqueou os bens dos acusados de financiar o fretamento
de ônibus para os atos que depredaram os prédios da Praça dos Três Poderes, no
dia 8 de janeiro, seja convertida em ação civil pública. Sob a justificativa de
proteção do patrimônio público, a medida pede que os envolvidos sejam
condenados em definitivo a ressarcir R$ 20,7 milhões ao erário. Na ação, que inclui 54 pessoas físicas, três empresas, uma
associação e um sindicato, a AGU destaca configurar “ato ilícito quando o
titular de um direito (no caso em específico o direito à livre manifestação e
reunião pacífica), ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo
seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes, nos termos do
Art. 187 do Código Civil”. Segundo a AGU, “em um regime democrático, como no sistema
brasileiro, contraria os costumes da democracia e a boa-fé a convocação e
financiamento de um movimento ou manifestação com intento de tomada do poder,
situação essa que evidencia a ilicitude do evento ocorrido”. Na mesma ação a Advocacia-Geral da União destaca ainda que
os demandados “possuíam consciência de que o movimento em organização poderia
ocasionar o evento tal como ocorrido”, uma vez que anúncios de convocação já
faziam “referência expressa a desígnios de atos não pacíficos (ou de duvidosa
pacificidade) e de tomada de poder, fato que demonstra uma articulação prévia
ao movimento com finalidade não ordeira, sendo o financiamento do transporte um
vetor primordial para que ele ganhasse corpo e se materializasse nos termos
ocorridos”. A AGU explica que o valor de R$ 20,7 milhões tem como
referência cálculos de prejuízos efetuados pelo Supremo Tribunal Federal,
Palácio do Planalto, Câmara dos Deputados e Senado Federal e “é o valor que a
Advocacia-Geral da União reputa como dano material já incontroverso, sem
prejuízo de, no curso da instrução processual, serem produzidos novos elementos
de provas demonstrando um dano ainda maior ao patrimônio público”. Por fim, a Advocacia-Geral solicita retificações para que os
réus permaneçam listados apenas na ação civil pública, considerando que alguns
requeridos na ação cautelar original prestaram esclarecimentos e demonstraram
não ter envolvimento com os atos do dia 8 de janeiro, inclusive, em alguns
casos, indicando quem foram os reais contratantes dos ônibus. Histórico No total, a AGU já ingressou com quatro ações contra
acusados de financiar ou participar diretamente dos atos do dia 8 de janeiro.
Em três delas a Justiça já determinou cautelarmente o bloqueio de bens dos
envolvidos para que, em caso de condenação posterior, os valores sejam
utilizados para ressarcir o patrimônio público. Respondem a essas ações 178 pessoas físicas, além das três
empresas, uma associação e um sindicato já mencionados. A AGU também deve
ingressar em breve com pedido para converter em ação civil pública as outras
três cautelares, que dizem respeito aos presos em flagrante pela depredação dos
prédios da Praça dos Três Poderes. Entenda Desde que o presidente Lula foi eleito em segundo turno, no
final de outubro, apoiadores do ex-presidente Bolsonaro demonstravam
inconformismo com o resultado do pleito e pediam um golpe militar no país, para
depor o governo eleito democraticamente.
As manifestações do final de 2022 incluíram acampamentos em
diversos quartéis generais do país e culminaram com a invasão e depredação das
sedes dos Três Poderes da República, no dia 8 de janeiro. Karine Melo/Denise
Griesinger, com foto: Marcelo Camargo – Agência Brasil
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