18/01/2023
Moraes mantém presos 140 bolsonaristas que participaram dos atos terroristas em Brasília e libera 60
BRASÍLIA, DF - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), determinou, até esta terça-feira (17), a conversão em
preventiva (sem prazo definido) de 140 prisões em flagrante durante os atos de
vandalismo ocorridos em 8 de janeiro, em Brasília. Ao todo, 200 decisões já foram proferidas por Moraes, que
liberou outras 60 pessoas, substituindo as prisões em flagrante por outras
medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, apresentação semanal
ao juízo e proibição de se ausentar do país, com o cancelamento dos respectivos
passaportes emitidos no Brasil, ou de se ausentar da comarca onde reside. Em todos os casos, portes de arma de qualquer tipo em nome
de investigados ficam suspensos, bem como qualquer autorização de compra de
armas por colecionadores ou caçadores. Os envolvidos também ficam proibidos de
conversarem entre si e de utilizar as redes sociais. Ao todo, foram realizadas até terça-feira (17) 1.459
audiências de custódia, sendo 946 feitas por magistrados do Tribunal Regional
Federal da 1ª Região (TRF-1) e 513 por juízes do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Pelo procedimento, obrigatório por lei,
qualquer preso deve ser levado o mais rápido possível à presença de um juiz, a
quem cabe verificar a legalidade da prisão, as condições de encarceramento ou
mesmo a necessidade da detenção. Representantes do Ministério Público e defesa
dos presos devem estar presentes. O trabalho de ouvir todos os presos por envolvimento nos
atos golpistas de 8 de janeiro foi compartilhado por Moraes com outros
magistrados diante do grande número de detidos, mas o ministro do Supremo
reservou para si todas as decisões sobre relaxamento ou não das prisões, após
analisar a ata de cada audiência de custódia. De acordo com o STF, a previsão é de a análise sobre todas
as prisões deva ser concluída até sexta-feira (20). Entre os motivos para
manter algumas pessoas presas, Moraes apontou haver evidências sobre o
cometimento de atos terroristas, inclusive preparatórios, e outros crimes
previstos no Código Penal, como tentar abolir o Estado Democrático de Direito
mediante violência, associação criminosa, tentativa de golpe de estado, ameaça,
perseguição e incitação ao crime. “As decisões estão sendo remetidas ao diretor do Presídio da
Papuda e ao diretor da Polícia Federal. Além disso, o ministro determinou que a
Procuradoria-Geral da República PGR), a Defensoria Pública e a Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) sejam intimadas para pleno conhecimento das
decisões”, informou o Supremo, em nota, nesta quarta-feira (18). Segundo a nota, “o ministro considerou que há provas nos
autos da participação efetiva dos investigados em organização criminosa que
atuou para tentar desestabilizar as instituições republicanas e destacou a
necessidade de se apurar o financiamento da vinda e permanência em Brasília
daqueles que concretizaram os ataques”.
As decisões sobre as prisões em decorrência do 8 de janeiro
estão sendo publicadas em processo sigiloso no Supremo, e o inteiro teor delas
não foi divulgado. O nome dos detidos, contudo, podem ser verificados no
andamento processual do caso, a medida em que as decisões são publicadas.
Advogados e defensores podem acessar os despachos por meio do sistema de
peticionamento do STF. Agência Brasil, com foto: Marcelo Camargo
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