23/02/2021
Consumidores pagarão mais caro por energia elétrica este ano para compensar perdas de R$ 3 bilhões em 2020
Os consumidores brasileiros terão que pagar R$ 3,1 bilhões a
mais nas contas de luz neste ano para cobrir o déficit na arrecadação da
bandeira tarifária em 2020, segundo dados da Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel). A bandeira tarifária é um sistema criado em 2015 e que
aplica uma cobrança adicional nas contas de luz sempre que aumenta o custo da
produção da energia no país. O objetivo é justamente que esse dinheiro pague pelo uso
mais intenso das termelétricas, usinas que geram energia mais cara. O déficit do ano passado aconteceu porque a cobrança da
bandeira tarifária ficou seis meses suspensa por decisão da Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel), que adotou a medida para aliviar os impactos da
pandemia da Covid-19 na economia do país. A cobrança foi retomada em dezembro e, desde então, tem
encarecido as contas de luz dos brasileiros. Neste mês de fevereiro, vigora a
bandeira amarela, que aplica taxa extra de R$ 1,34 a cada 100 quilowatts-hora
(kWh) consumidos. De acordo com a Aneel, o custo a ser coberto pelas bandeiras
tarifárias em 2020 foi de R$ 4,45 bilhões. Entretanto, foram arrecadados
somente R$ 1,33 bilhão. O diretor-geral da Aneel, André Pepitone, disse que essa
diferença, de R$ 3,1 bilhões, terá que ser cobrada neste ano e, para isso, irá
compor o reajuste de 2021 nas tarifas das distribuidoras de energia. Ou seja,
vai ajudar a encarecer as contas de luz. “Em função da decisão da Aneel de, diante da pandemia,
suspender a aplicação do mecanismo [bandeira tarifária], ter restabelecido o
mecanismo só em novembro, a conta ficou deficitária, fechou negativa em 2020”,
disse Pepitone. “Então, essa diferença, esse valor que ficou faltando, vai
entrar agora no ciclo tarifário de 2021”, completou. Revisão das bandeiras O diretor-geral da Aneel apontou que não há previsão para
uma nova mudança nos valores cobrados pela bandeira tarifária e disse que o
mecanismo está “bem calibrado”, ou seja, arrecada o suficiente para cobrir os
custos. Atualmente, além da bandeira verde, que sinaliza que a
cobrança extra está suspensa, o sistema conta com três faixas: - Bandeira Amarela - R$ 1,34 para cada 100 kWh consumidos - Bandeira Vermelha 1 - R$ 4,16 para cada 100 kWh consumidos - Bandeira Vermelha 2 - R$ 6,24 para cada 100 kWh consumidos Em 2019, a agência fez um reajuste nos valores de cobrança
das bandeiras. Na época, a justificativa para a alteração foi a necessidade de
elevar a arrecadação de recursos para fazer frente aos custos extras com
produção de energia mais cara e evitar déficits na conta.
“As bandeiras têm papel importante de sinalizar para a
população o valor da energia e também de se pagar a geração térmica no mês a
mês, sem deixar acumular e esse valor acumulado ser cobrado depois, corrigido
pela Selic (taxa básica de juros)”, disse Pepitone. G1
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