03/12/2022
Após dois anos da pandemia da Covid, um em cada quatro jovens brasileiros não estuda nem está ocupado
BRASÍLIA, DF - Após dois anos de pandemia, em 2021, um em
cada quatro jovens brasileiros de 15 a 29 anos, o equivalente a 25,8%, não
estudava, nem estava ocupado. Mais da metade - 62,5% - é mulher. Os dados fazem
parte da Síntese de Indicadores Sociais (SIS): uma análise das condições de
vida da população brasileira 2022, divulgada nesta sexta-feira (02), no Rio de
Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a publicação, por conta da falta de experiência, os
jovens são os que enfrentam maior dificuldade tanto para ingressar quanto para
permanecer no mercado de trabalho. Eles representam o grupo mais vulnerável aos
períodos de crise econômica, especialmente os menos qualificados. Em 2021, dos 12,7 milhões de jovens de 15 a 29 anos que não
estudavam nem estavam ocupados no Brasil, as mulheres de cor ou raça preta ou
parda representavam 5,3 milhões desses jovens (41,9%), enquanto as brancas
formavam menos da metade desse montante: 2,6 milhões (20,5%), totalizando 7,9
milhões de mulheres ou 62,5% dos jovens que não estudavam nem estavam ocupados.
Entre os 4,7 milhões de jovens restantes nessa situação, três milhões eram
homens pretos ou pardos (24,3%), conforme classificação do IBGE, e 1,6 milhão
de brancos (12,5%). A pesquisa indicou que a pandemia não alterou a composição
desse indicador por raça ou sexo. A SIS mostra que distintos papéis de gênero
na sociedade influenciam a razão pela qual os jovens e as jovens se encontram
na situação de não estudar nem estar ocupado. Os homens tendem a estar nessa
situação mais frequentemente como desocupados, ou seja, em busca de ocupação e
disponíveis para trabalhar, já as mulheres como fora da força de trabalho. Crianças Diversos fatores são responsáveis pelas mulheres que não
estudavam nem estavam ocupadas estarem em maior proporção fora da força de
trabalho, entre eles, destaca-se responsabilidades com o cuidado de crianças,
conforme a publicação. Por sua vez, problemas de saúde e outros motivos
prevalecem entre os homens que não estudavam nem estavam ocupados fora da força
de trabalho. “As mulheres, em sua maioria, estavam fora da força de
trabalho. Elas não eram desocupadas, elas não estavam procurando emprego e
disponíveis para trabalhar como é o caso da maioria dos homens”, afirmou a
pesquisadora do IBGE Betina Fresneda. “Essa situação é ratificada com a investigação dos motivos
pelos quais as mulheres estão nessa situação e, como o principal motivo,
figuram cuidados e afazeres domésticos, assim como em outros países que
investigam esses motivos”, acrescentou. Esse índice reduziu em 2021 em relação a 2020, quando 28%
dos jovens não estavam estudando, nem trabalhando. Em 2020, entre os países da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil foi
o terceiro maior percentual de jovens adultos que não estudavam nem estavam
ocupados, ficando atrás apenas da África do Sul e da Colômbia. Nível de ocupação Consideradas todas as faixas etárias a partir dos 14 anos, o
nível de ocupação no Brasil subiu de 51% em 2020 para 52,1% em 2021, mas ainda
está bem abaixo de 2019, 56,4%. São considerados nesse indicador tanto aqueles
que possuem um vínculo empregatício, quanto os empregados sem carteira e os
trabalhadores por conta própria. O estudo mostra, ainda, que, em 2021, aumentou a diferença
de ocupação entre homens e mulheres. Mesmo situados em patamar mais baixo, o
nível e a ocupação das mulheres foram mais reduzidos em 2020 e cresceram menos
em 2021, ampliando a distância entre os sexos. Em 2019, antes da pandemia, 66,8% dos homens e 46,7% das
mulheres com mais de 14 anos estavam ocupados. Em 2021, o nível de ocupação dos
homens caiu 3,7 pontos percentuais (pp) para 63,1%, enquanto o nível de
ocupação das mulheres recuou 4,8 pp para 41,9%. Em relação a raça, a população ocupada preta ou parda é 19%
superior à população branca. No entanto, há diferenciação significativa em
relação ao vínculo empregatício – a informalidade é maior entre pessoas pretas
e pardas – e a remuneração. Em 2021, o aumento das ocupações informais foi de 1,6 pp
para as pessoas de cor ou raça preta ou parda e 0,9 pp para pessoas de cor ou
raça branca. Em relação ao rendimento, a diferença total é de 69,4% entre
pretos e pardos e brancos.
A SIS reúne indicadores que ajudam em um conhecimento amplo
da realidade social do Brasil. A publicação utiliza dados de pesquisas do IBGE
como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) e a Pesquisa
de Informações Básicas Municipais, além de dados de fontes externas como o
Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), e
informações de organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas
(ONU) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Agência Brasil, com foto: Marcelo Camargo
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