23/11/2022
Governo bloqueia mais R$ 5,7 bilhões do Orçamento; medida pode agravar problemas em serviços públicos
BRASÍLIA, DF - A possibilidade de estouro no teto federal de
gastos fez o governo contingenciar (bloquear) mais R$ 5,7 bilhões de gastos não
obrigatórios do Orçamento Geral da União de 2022, anunciou hoje (22)
o Ministério da Economia. Segundo a pasta, a decisão é necessária para pagar R$
2,3 bilhões adicionais em benefícios da Previdência Social e por causa da
suspensão da medida provisória que adiava para 2023 o repasse de R$ 3,8 bilhões
de ajudas para o setor cultural da Lei Aldir Blanc. O bloqueio de verbas consta do Relatório Bimestral de Avaliação
de Receitas e Despesas, enviado hoje para o Congresso Nacional.
Publicado a cada dois meses, o documento orienta a execução do Orçamento. A
distribuição dos cortes pelos órgãos do Poder Executivo Federal será divulgada
em decreto presidencial a ser editado até o fim do mês. De acordo com o relatório, a necessidade de bloqueio total
do Orçamento de 2022 subiu de R$ 10,5 bilhões no quarto bimestre para R$ 15,38
bilhões no quinto bimestre. Apesar de a diferença entre esses valores totalizar
R$ 4,88 bilhões, o valor do novo contingenciamento ficou em R$ 5,7 bilhões
porque, ao longo dos últimos três meses, o governo tinha liberado cerca de R$
1,2 bilhão que estavam retidos. O contingenciamento pode agravar a escassez de recursos para
a manutenção de serviços públicos até o fim do ano. Embora os cortes atinjam
gastos discricionários (não obrigatórios), essas despesas são necessárias para
a execução de serviços porque englobam gastos com internet, água, luz,
telefone, computação e materiais nos órgãos públicos. Na
última sexta-feira (18), a Polícia Federal suspendeu a confecção de
passaportes por falta de papel. Despesas A projeção para as despesas primárias em 2022 subiu R$ 1,291
bilhão, devendo fechar o ano em R$ 1,832 trilhão. A estimativa para os gastos
obrigatórios subiu para R$ 1,68 trilhão, valor R$ 2,136 bilhões maior que o
projetado em setembro. A previsão de gastos discricionários (não obrigatórios)
do Poder Executivo foi reduzida em R$ 845,7 milhões, para R$ 152,39 bilhões. As despesas que mais subiram foram os gastos com os
benefícios da Previdência Social (R$ 2,348 bilhões) e a ajuda financeira aos
estados e municípios (R$ 3,862 bilhões). Esses repasses a governos locais foram
determinados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para executar as ajudas financeiras da Lei Aldir Blanc. O detalhamento dos cortes por ministério só será divulgado
no próximo dia 30, quando um decreto presidencial especificar a distribuição do
contingenciamento. Bloqueio total No fim de março, o governo havia contingenciado R$
1,722 bilhão em emendas de relator. Em maio, a equipe econômica inicialmente
divulgou um bloqueio de R$ 8,239 bilhões, mas o valor foi posteriormente
reduzido para R$ 6,965 bilhões. Em julho, o governo fez um novo bloqueio de R$ 6,739
bilhões. Em setembro, houve um contingenciamento adicional de R$ 2,635 bilhões. A cada dois meses, o Ministério da Economia divulga o
Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas, documento que orienta a execução
do Orçamento. Com base nas previsões de crescimento da economia, de inflação e
do comportamento das receitas e das despesas, a equipe econômica determina o
bloqueio necessário para cumprir as metas de déficit primário (resultado
negativo das contas do governo sem os juros da dívida pública) e o teto de
gastos.
No último dia 17, a Secretaria de Política Econômica do
Ministério da Economia tinha divulgado as estimativas usadas na elaboração do
relatório. A previsão de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB, soma
das riquezas produzidas) foi mantida em 2,7%. A estimativa de inflação oficial
caiu de 6,3% para 5,85%. Agência Brasil, com foto: VCampanato
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