03/11/2022
PT critica decisão da Petrobras de distribuir R$ 43,7 bilhões de dividendos a acionistas
BRASÍLIA, DF - A Petrobras comunicou hoje (3) que o Conselho
de Administração aprovou pagamento de dividendos no valor de R$ 3,3489 por ação
preferencial ou ordinária. O total pago aos detentores das mais de 13 bilhões
de ações da estatal no mercado financeiro será de cerca de R$ 43,7 bilhões. O pagamento aos acionistas será feito em duas parcelas
iguais, uma em 20 de dezembro de 2022, e outra em 19 de janeiro de 2023. Em
cada uma dessas datas, será pago R$ 1,67445 por ação preferencial e ordinária. O anúncio ocorre no dia em que a empresa vai divulgar seu
resultado financeiro do terceiro trimestre, o que está previsto para ocorrer
após o fechamento do mercado de ações. Amanhã (4), a diretoria executiva da
estatal concederá entrevista coletiva à imprensa sobre o desempenho financeiro
da empresa. No comunicado, a Petrobras afirma que o dividendo proposto
"está alinhado à Política de Remuneração aos Acionistas, que prevê que, em
caso de endividamento bruto inferior a US$ 65 bilhões, a Companhia poderá
distribuir aos seus acionistas 60% da diferença entre o fluxo de caixa
operacional e as aquisições de ativos imobilizados e intangíveis
(investimentos)". "Além disso, a Política também prevê a possibilidade de
pagamento de dividendos extraordinários, desde que sua sustentabilidade
financeira seja preservada", acrescenta o texto. "A aprovação do
dividendo proposto é compatível com a sustentabilidade financeira da companhia
no curto, médio e longo prazo e está alinhada ao compromisso de geração de valor
para a sociedade e para os acionistas, assim como às melhores práticas da
indústria mundial de petróleo e gás natural". Críticas A nova distribuição de dividendos da Petrobras gerou
críticas e deve ser questionada na Justiça pela Federação Única dos Petroleiros
(FUP) e pela Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da
Petrobras (Anapetro). De acordo com as entidades, o total de dividendos
distribuídos no ano chegará a quase R$ 180 bilhões, enquanto os investimentos
realizados pela estatal em 2022, até junho, somam apenas R$ 17 bilhões,
conforme relatórios financeiros da empresa. "A FUP e a Anapetro questionarão judicialmente eventual
aprovação de novos dividendos e processarão cada conselheiro por tal
medida", afirma o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, em comunicado
conjunto das entidades. O anúncio do pagamento também foi criticado pela presidente
do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, que integra a equipe de
transição para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, eleito presidente da República. A petista afirmou que a política de dividendos retira da
estatal a capacidade de investimento e só enriquece acionistas. "A
Petrobras tem que servir ao povo brasileiro", escreveu nas redes sociais. A Petrobras, por sua vez, afirma que, no Plano Estratégico
2022-26, os projetos de investimentos solicitados pelas áreas de negócio foram
atendidos.
"Não existem investimentos represados por restrição
financeira ou orçamentária, e a decisão de uso dos recursos excedentes para
remunerar os acionistas se apresenta como a de maior eficiência para otimização
da alocação do caixa". Agência Brasil, com foto: Fernando Frazão
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