30/08/2022
Obrigatoriedade na cobertura por planos de saúde fora do rol da ANS é aproada no Senado Federal
BRASÍLIA, DF - O Plenário do Senado aprovou nesta
segunda-feira (29) o projeto de lei que derruba o chamado “rol taxativo” para a
cobertura de planos de saúde (PL 2.033/2022). Pelo texto, os planos de saúde
poderão ser obrigados a financiar tratamentos de saúde que não estejam na lista
mantida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O projeto veio da Câmara dos Deputados e foi aprovado sem
mudanças. Sendo assim, ele segue agora para a sanção presidencial. O “rol taxativo” vem de uma interpretação da lei que rege os
planos de saúde (Lei 9.656, de 1998). Ela diz que a cobertura dos planos deve
ser estabelecida pela ANS, que mantém o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde
(Reps). Em junho, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) havia julgado que os
planos só estariam obrigados a financiar tratamentos listados no Reps. O projeto de lei apresentado em reação à decisão do STJ
determina que o Reps será apenas a “referência básica” para a cobertura dos
planos de saúde. Um tratamento fora da lista deverá ser aceito, desde que ele
cumpra uma das seguintes condições: - tenha eficácia comprovada cientificamente; - seja recomendado pela Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec); ou - seja recomendado por pelo menos um órgão de avaliação de
tecnologias em saúde com renome internacional. O senador Romário (PL-RJ), relator do projeto, registrou o
grande público nas galerias do Plenário para acompanhar a votação. Ele destacou
que a causa reuniu famílias e entidades de defesa do direito à saúde, e
classificou a decisão do STJ como “injusta” e “a pior possível”. — Hoje é um dia histórico, um dia em que a sociedade
brasileira se mobiliza e vence o lobpoderoso dos planos de saúde. O rol taxativo
é o rol que mata. Vidas humanas importam e a ninguém pode ser recusado um
tratamento de saúde — afirmou. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, elogiou Romário
pela relatoria e comemorou a aprovação do projeto. Ele também registrou a
participação de cidadãos durante a votação. — Cumprimento especialmente as mães que aqui estão, imbuídas
dessa luta muito justa, muito humana e que teve o reconhecimento do Congresso
Nacional. Todos os senadores que se manifestaram falaram a favor do
projeto e viram a sua aprovação como uma vitória. A senadora Zenaide Maia
(Pros-RN) explicou que um dos efeitos prejudiciais do “rol taxativo” era
demorar para reconhecer doenças raras. — A maioria das doenças raras levam anos para ter uma CID
[Classificação Internacional de Doenças]. Os pais estavam perdendo o tratamento
dos seus filhos, com eficácia terapêutica confirmada. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que a
aprovação do projeto de lei é uma resposta à pressão exercida pelos planos de
saúde, que se colocavam a favor da manutenção do “rol taxativo”. — O lobdos planos de saúde é o mais poderoso do Congresso
Nacional. Ele captura as agências que deveriam ter a responsabilidade de
regulá-lo, como é o caso da ANS. Eu imagino as pressões que [o senador Romário]
deve ter sofrido. A ganância deles não pode ser maior do que a vida. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) observou que o texto
aprovado não está “liberando geral” e exigindo a cobertura de qualquer
tratamento de saúde, pois há critérios para a adoção. O senador Flávio Arns
(Podemos-PR) também fez essa ressalva, apontando que a decisão pelo tratamento
caberá aos médicos.
— A saúde apresenta um quadro de diversidade extrema, com
detalhamentos que têm que ser abordados com competência pelos profissionais da
saúde que vão indicar o que de melhor pode acontecer para [o paciente] — disse
Arns. Agência Senado, com foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
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