03/08/2022
Câmara aprova projeto que obriga planos de saúde a cobrir tratamentos fora do rol da ANS
BRASÍLIA, DF - A Câmara dos Deputados aprovou nesta
quarta-feira (3) o Projeto de Lei 2033/22, que estabelece hipóteses de
cobertura de exames ou tratamentos de saúde que não estão incluídos no rol de
procedimentos e eventos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O
objetivo é dar continuidade a tratamentos que poderiam ser excluídos da
cobertura dos planos de saúde. A proposta segue para análise do Senado, onde poderá ser
votada na próxima terça-feira (9), segundo informou o presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL). Entre os pontos da regulamentação, a proposta determina que
a lista de procedimentos e eventos cobertos por planos de saúde será atualizada
pela ANS a cada incorporação. O rol servirá de referência para os planos de
saúde contratados desde 1º de janeiro de 1999. Quando o tratamento ou procedimento prescrito pelo médico ou
odontólogo assistente não estiver previsto no rol, a cobertura deverá ser
autorizada se: - existir comprovação da eficácia, à luz das ciências da
saúde, baseada em evidências científicas e plano terapêutico; - existir recomendações pela Comissão Nacional de
Incorporação de Tecnologias no SUS; - existir recomendação de, no mínimo, um órgão de avaliação
de tecnologias em saúde que tenha renome internacional, desde que sejam
aprovadas também para seus nacionais. Decisão do STJ O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu em junho que o
Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde tem caráter taxativo, não estando as
operadoras de saúde obrigadas a cobrirem tratamentos não previstos na lista,
salvo algumas situações excepcionais. O rol de procedimentos da ANS lista 3.368 eventos em saúde,
incluindo consultas, exames, terapias e cirurgias, além de medicamentos e
órteses/próteses vinculados a esses procedimentos. Esses serviços médicos devem
ser obrigatoriamente ofertados de acordo com o plano de saúde. O PL 2033/22 foi apresentado por grupo de trabalho da Câmara
dos Deputados criado para analisar a questão. O relator, deputado Hiran Gonçalves (PP-RR), criticou a
decisão do STJ, que segundo ele causou grande comoção popular. "E não era
para menos. Milhões de pessoas que dependem dos planos de saúde para se
manterem saudáveis e vivas se viram tolhidas do direito de se submeterem a
terapias adequadas às suas vicissitudes, indicadas pelos profissionais de saúde
responsáveis por seu tratamento." Hiran Gonçalves agradeceu o presidente da Câmara, Arthur
Lira, pela rapidez na análise do projeto. "A proposta visa alinhar as
ideias de órgãos técnicos e da sociedade civil, garantindo, sempre, a segurança
e a saúde dos milhões de beneficiários de planos de assistência à saúde do
País." Já o deputado Tiago Mitraud (Novo-MG) defendeu a decisão do
STJ e criticou a proposta, por considerar que vai prejudicar a competição e
aumentar os preços dos planos de saúde. "Vai ficar muito mais caro e
complexo ter plano de saúde, e os pequenos vão quebrar. Já as grandes
farmacêuticas agora podem induzir médicos a receitar tratamentos experimentais
sem aprovação pela Anvisa", alertou. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) elogiou a mobilização
das mães que buscavam dar continuidade aos tratamentos de seus filhos, que
poderiam ser interrompidos com a interpretação do STJ sobre o rol taxativo.
"Elas vieram aqui todas essas semanas para batalhar pela aprovação deste projeto.
A defesa da vida está acima do lucro dos planos de saúde", defendeu. A deputada Soraya Santos (PL-RJ) afirmou que a decisão do
STJ sobre o rol taxativo provocaria mortes. "O maior dom que temos é o da
vida. O rol tem que ser exemplificativo, na busca do melhor tratamento",
argumentou.
O deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP) afirmou que as
pessoas estavam desesperadas com a possibilidade de diminuição da cobertura dos
planos de saúde. "A doença rara não é uma condição que a pessoa quis. Ela
está sacrificando suas finanças para pagar o plano de saúde e deve ter
direitos", afirmou. Agência Câmara, com foto: Elaine Menke/Câmara dos Deputados
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