13/02/2021
Novo auxílio terá quatro parcelas de R$ 250, que serão pagas de março a junho; veja quem terá direito
Governo e lideranças do Congresso avançaram nas negociações
para a concessão de mais uma etapa do auxílio emergencial com valor de R$ 250
em quatro parcelas, com custo total de cerca de R$ 30 bilhões. O benefício deve
começar a ser concedido em março com término em junho. Já há entendimento político de que a concessão do auxílio
terá de ser dada por meio da aprovação de uma Proposta de Emenda Constitucional
(PEC) de orçamento de guerra, semelhante, mas não igual à aprovada em 2020. Na
prática, o orçamento de guerra permitiu que o governo ampliasse os gastos no
combate à pandemia livre das “amarras” das regras fiscais. Agora, as medidas de contrapartidas de corte de despesas e
de renúncias fiscais, cobradas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, serão
divididas em duas etapas. A “PEC de guerra”, que se espera esteja aprovada até a
primeira semana de março, conterá uma versão mais compacta de medidas fiscais
com base em um texto que já está no Senado, o do pacto federativo, que tem como
relator o senador Márcio Bittar (MDB-AC). Essa PEC terá a cláusula de calamidade e permitirá que os
gastos para o pagamento do auxílio não sejam incluídos no espaço no teto de
gastos, a regra que impede o crescimento das despesas acima da inflação, nem no
Orçamento de 2021. A segunda PEC conterá a outra parte das medidas mais duras
de corte de despesas, com o objetivo de sustentar a sobrevivência do teto de
gastos até 2026. As lideranças buscam fechar um compromisso para que essa
segunda PEC fiscal esteja aprovada até junho, quando terminará o pagamento do
auxílio. A ideia é consolidar o que os líderes do governo têm chamado de
“fortalecimento das âncoras fiscal e monetária”, com a garantia da
sobrevivência do teto de gastos e aprovação da autonomia formal do BC. A expectativa é de que até o fim da próxima semana a divisão
das medidas entre as duas PECs esteja concluída. Segundo fontes envolvidas nas
negociações, esta semana de discussões entre Guedes e lideranças do Congresso
termina com o consenso de que o instrumento legal para o pagamento do auxílio
emergencial é via “PEC de guerra”. Pareceres da área jurídica do Ministério da
Economia e da Advocacia-Geral da União (AGU) apontaram essa necessidade.
Consultoria do Senado também deverá apresentar parece nessa direção. Nessa primeira PEC, será retomado o estado de calamidade com
as medidas de ajuste. Detalhes técnicos do que será aproveitado da PEC que deu
origem ao orçamento de guerra ainda estão sendo discutidos entre o governo e os
presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco
(DEM-MG). O mundo político queria o valor do auxílio em R$ 300 em seis
parcelas, enquanto o ministro Guedes de R$ 200 em três parcelas. O meio termo
deve prevalecer, segundo apurou a reportagem. Ou seja, devem ser pagas quatro
parcelas de R$ 250. O presidente Jair Bolsonaro em discurso ontem deu o tom da
estratégia ao falar que “não basta apenas conceder mais uma período de auxílio,
mas é preciso ter responsabilidade fiscal”. Bolsonaro disse que uma nova rodada
do auxílio emergencial deve ser paga a partir de março e por um período de até
quatro meses. A leitura na área econômica é de que as medidas fiscais serão
aprovadas na primeira e na segunda PEC. Bolsa Família Está descartado o movimento inicialmente de ampliação agora
do Bolsa Família, que ficará para o segundo semestre depois do fim do auxílio.
Até o fim da semana que vem, também deverão estar fechados os parâmetros do
público-alvo do novo auxílio. A ideia é pagar para todas as famílias que são elegíveis ao
Bolsa Família (cerca de 19 milhões) mais 11 milhões de informais que, se
calcula, estão ainda enfrentando dificuldade por conta da pandemia. A
dificuldade maior é identificar quem de fato nesse grupo precisa do auxílio
agora. Vários recortes de público estão sendo feitos com base nos dados do
Cadastro Único e nos pagamentos que foram feitos no auxílio anterior.
Com a PEC aprovada, o pagamento do auxílio será feito por
meio de contratação de dívida, sem que as despesas passem pelo Orçamento de
2021. Estadão
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