14/06/2022
Rol Taxativo: Pacheco acata urgência para projeto que garante cobertura de planos de saúde sem exclusões
BRASÍLIA, DF - Após a recente decisão do Superior Tribunal
de Justiça (STJ) sobre quais tratamentos os planos de saúde são obrigados a
ofertar, a reação de diversos senadores foi imediata e incisiva contra o
chamado rol taxativo para cobertura dos planos de saúde. Com a decisão do STJ, planos de saúde passam a cobrir apenas
os tratamentos que estão na lista da Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS). Isso ameaça a manutenção de vários tratamentos de pacientes. Após a
reação, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) acolheu pedido de
urgência do senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) para apreciação de projeto que
tramita na Casa com o objetivo de resolver o impasse criado com a decisão do
STJ. Segundo Raldolfe, o Projeto de Lei 396/2022, de sua autoria,
“resolve o problema do rol taxativo ao estabelecer que o rol da ANS não
excluirá a obrigação dos planos de saúde de cobrirem procedimentos,
medicamentos e eventos necessários à melhor atenção à saúde do consumidor ou
beneficiário”. Reação no Senado Senadores da base do governo e da oposição acabaram se unindo
contra a decisão; eles defendem que a lista da ANS seja apenas exemplificativa. A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) foi uma das primeiras a
reagir, condenando a medida ao discursar no Plenário do Senado no mesmo dia em
que houve a decisão do STJ, 8 de junho. A senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP)
também criticou a mudança. — Essa perda absurda que a gente teve acaba afetando não só
milhares de pessoas com deficiência no país, mas também as pessoas com autismo,
as pessoas com doenças raras e ainda as pessoas com outras doenças crônicas.
Todos esses cidadãos correm o risco de terem suas terapias excluídas da
cobertura dos planos. Essas pessoas ficarão desamparadas, assim como muitos
outros pacientes que estão em tratamento por doenças graves, como câncer ou doenças
degenerativas. Falamos de recursos para os brasileiros se manterem vivos.
Imagine o impacto direto na vida de milhões de famílias, que já se desdobram
para arcar com o alto custo de um plano de saúde no nosso país. Quando a gente
fala que o rol taxativo mata, não é um exagero. Essa decisão afeta, sim, a vida
de muita gente — afirmou Mara Gabrilli em Plenário, também em 8 de junho. O senador Jean Paul Prates (PT-RN) ressaltou que, agora, os
convênios serão obrigados a cobrir apenas os procedimentos listados pela ANS.
Antes, a lista era considerada como guia, e os pacientes conseguiam tratamentos
fora da lista recorrendo à Justiça. Ele acredita que a questão vai acabar sendo
decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “Com a mudança, se não está
no rol listado, não terá cobertura dos planos de saúde. E essa deve ser a
orientação a todas as instâncias da Justiça, retirando a possibilidade de
pacientes conseguirem os procedimentos mesmo judicializando a causa”, resumiu
Jean Paul. Por sua vez, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) se disse
supreso com a decisão do STJ, que, segundo ele, “favorece os poderosos planos
de saúde penalizando quem tem deficiência e doenças raras”. Já a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) afirmou que a
mudança vai prejudicar “milhares de famílias que eram beneficiadas por
tratamentos de saúde que não constavam no rol de tratamentos da ANS. Uma
decisão difícil de aceitar e que gera muita insegurança aos usuários de planos
de saúde. Lamentável!”. Os senadores Alvaro Dias (Podemos-PR) e Paulo Paim
(PT-RS) divulgaram declarações no mesmo sentido. Projetos de lei O senador Fabiano Contarato (PT-ES) também reagiu
imediamente à decisão do STJ: no dia 8 de junho ele protocolou o PL 1.557/2022.
Esse projeto de lei determina que a lista da ANS será “referência básica mínima
para cobertura assistencial pelos planos de saúde''. Pelo Twitter,
Contarato disse que “não podemos permitir que a população seja prejudicada em
prol do lucro dos planos de saúde! Protocolei PL [projeto de lei] que garante
que o rol de procedimentos e medicamentos previsto pela ANS seja apenas uma
referência mínima, explicativa, e não uma lista taxativa! Quem paga tem direito
ao tratamento adequado, e não são os planos de saúde que devem definir isso,
mas um corpo médico qualificado!”. Até agora, outros oito projetos de lei foram apresentados
por senadores e senadoras, todos na mesma linha: impedir que a lista de doenças
da Agência Nacional de Saúde Suplementar seja taxativa. Pelas redes
sociais, as reações dos parlamentares se avolumaram, unindo governistas,
oposicionistas e independentes. Há também projetos mais antigos que tratam do
tema. O senador Romário (PL-RJ) afirmou que a decisão do STJ
“poderá custar a vida de muitas pessoas, além de todo o imenso impacto negativo
que milhares de pacientes e suas famílias vão enfrentar ao terem suas terapias
e medicações suspensas”. Para ele, trata-se de “um verdadeiro retrocesso na
garantia dos direitos da população brasileira”. Romário apresentou o PL
1.575/2022, projeto de lei que garante a cobertura de tratamentos que não
estejam na lista na ANS. “Deixar a decisão sobre a saúde das pessoas nas mãos de
empresas é totalmente inaceitável. São os médicos, terapeutas e demais
profissionais da saúde que precisam decidir e recomendar o que é melhor para
cada um dos pacientes. Aos planos de saúde cabe o cumprimento das recomendações
e a cobertura dos procedimentos indicados pelo médico que acompanha o
beneficiário, mesmo que não previstos no rol, desde que haja fundamentação técnica”,
acrescentou Romário. O senador Paulo Rocha (PT-PA) também criticou a mudança:
“Mais dinheiro para os bilionários. Luis Felipe Salomão, Villas Bôas Cueva,
Raul Araújo, Marco Buzzi, Marco Aurélio Bellizze e Isabel Gallotti,
ministros do STJ, acabaram de aprovar a farra dos convênicos médicos. Um
absurdo! O lucro acima da vida”. Ao lamentar a decisão do STJ, o senador Randolfe Rodrigues
(Rede-AP) disse que o “lobdos planos de saúde” vai prejudicar mais de oito
milhões de brasileiros. Ele defendeu a aprovação do PL 396/2022, apresentado
por ele no começo do ano, que estabelece que o rol da ANS não é taxativo e que
os planos de saúde são obrigados a cobrir procedimentos, medicamentos e eventos
"necessários à melhor atenção à saúde do consumidor ou beneficiário”. O senador Paulo Paim (PT-RS), que também criticou a decisão
do STJ, apresentou o PL 1.594/2022, projeto de lei que acaba com o rol
taxativo. Por sua vez, o senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) apontou
vários caminhos para resolver o problema sem prejudicar a população: “É preciso
mudar a decisão do STJ que isenta planos de saúde de pagar por tratamentos que
não constam da lista da ANS. Cabe recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF),
cabe projeto no Senado, cabe pedir à ANS a atualização da lista de
procedimentos. Lutar pela saúde é lutar por justiça”. Ele apresentou o PL
1.579/2022, projeto de lei que, entre outros objetivos, proíbe a imposição de limites
para a cobertura de tratamento multidisciplinar. Outro senador a protocolar um projeto de lei foi Eduardo
Girão (Podemos-CE). Ele apresentou o PL 1.592/2022, que prevê que a lista da
Agência Nacional de Saúde Suplementar será “referência mínima para a cobertura
assistencial dos planos de saúde”. Também pelas redes sociais, o senador Mecias de Jesus
(Republicanos-RR) manifestou-se contrário ao rol taxativo de procedimentos. Ele
apresentou o PL 1.570/2022, projeto de lei que garante a ampliação da cobertura
dos planos quando necessário, mesmo quando o tratamento não estiver na lista da
ANS.
Já o PL 1.571/2022, projeto de lei apresentado pelo senador
Rogério Carvalho (PT-SE), determina que o rol de procedimentos e eventos em
saúde editado pela ANS terá “caráter exemplificativo”. Com o mesmo propósito
foram apresentados o PL 1.585/2022, da senadora Rose de Freitas (MDB-ES), e o
PL 1.590/2022, do senador Flávio Arns (Podemos-PR). Da Redação, com Agência Senado, com foto: Jefferson Rudy
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