09/06/2022
Planos de saúde começam a rejeitar tratamentos após decisão do STJ sobre o rol taxativo
BRASÍLIA, DF - Em meio à polêmica decisão do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) que desobriga os planos de saúde a liberarem e
custearem tratamentos não estipulados em lista de cobertura estabelecida pela
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), já circula nas redes sociais casos
em que as empresas negaram terapias e indicações médicas a pacientes por causa
do 'rol taxativo'. Entre as manifestações na internet, a maioria da população
parece ser contrária ao entendimento da Justiça, incluindo nomes famosos como o
apresentador da TV Globo, Marcos Mion, e parlamentares. "É muito triste. Eu me sinto revoltado. Revoltado em
saber que esse absurdo, que é o rol taxativo, tenha sido aprovado com seis
votos no STJ (...). O dinheiro venceu mais uma vez. Foi colocado acima das
nossas necessidades e das nossas vidas", desabafou Mion, ressaltando que a
decisão "coloca em risco a vida de milhões de pessoas que dependem de um
plano de saúde". "A gente chora mais um pouco e segue. Recebe mais
mensagem de mãe que acabou de ter negativa de plano e segue. Lê comentário de
mãe desesperada porque o filho com deficiência grave vai perder o homecare,
chora de novo e segue", publicou a fundadora do Instituto Lagarta Vira
Pupa, Andréa Werner, que é pré-candidata a deputada estadual pelo PSB de São
Paulo. "Essa decisão do STJ do rol taxativo me pegou em um
ponto muito sensível. Tive um cliente com câncer no cérebro, teve a cirurgia
negada, a radioterapia tridimensional negada, medicação atrasada e morreu
enquanto aguardava um exame também negado. Foram 4 liminares concedidas",
comentou a advogada Mylla Christie. Nessa quarta-feira, dia em que a decisão foi tomada no STJ,
a apresentadora e cantora Preta Gil publicou um vídeo em que diversos artistas
pediam que os juízes não acatassem ao pedido dos planos de saúde.
No entanto, o entendimento da Segunda Seção do STJ foi de
que a lista de cobertura estabelecida pela ANS deve ser taxativa e não
exemplificativa, como era adotada. Com o critério anterior, pacientes poderiam
garantir tratamentos que não estavam estipulados no rol da agência. Após a decisão
na Justiça, somente excessões que se enquadrarem em critérios pré-estabelecidos
podem ser liberadas. EM, com foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
|