09/02/2021
Bolsonaro diz que vai ter “chiadeira com razão” da população, com novo reajuste de combustíveis anunciado pela Petrobrás
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira, 8,
que o novo reajuste de combustíveis anunciado pela Petrobrás deve provocar uma
"chiadeira com razão", mas que ele não pode intervir na estatal. O
presidente informou que deve se reunir ainda nesta segunda com a equipe
econômica para "bater o martelo" sobre a redução do PIS/Cofins no
preço do diesel. "Não é novidade para ninguém: está previsto um novo
reajuste de combustível para os próximos dias, está previsto. Vai ser uma
chiadeira com razão? Vai. Eu tenho influência sobre a Petrobrás? Não",
disse Bolsonaro a apoiadores na porta do Palácio da Alvorada. Nesta segunda, a Petrobrás anunciou aumentos dos preços
médios de venda às distribuidoras da gasolina, diesel e GLP, gás de cozinha,
que deverá vigorar a partir de terça-feira, 9. O preço médio de venda de gasolina nas refinarias da
Petrobrás passará a ser de R$ 2,25 por litro, refletindo aumento médio de R$
0,17 por litro. O preço médio de venda de diesel passará a ser de R$ 2,24 por
litro, refletindo aumento médio de R$ 0,13 por litro. É a terceira alta do ano nos preços da gasolina e a segunda
no valor do litro do diesel. Desde o início do ano, a Petrobrás já elevou em
22% o preço da gasolina - em dezembro, o litro custava R$ 1,84. O diesel subiu 10,9%. Com as novas altas, o litro da
gasolina passou a custar mais caro que o do diesel às distribuidoras. "Daí o cara fala 'você é presidente do quê?' Ô, cara.
Vocês votaram em mim e tem um monte de lei aí. Ou cumpre a lei ou vou ser
ditador. E para ser ditador vira uma bagunça o negócio e ninguém quer ser
ditador e... isso não passa pela cabeça da gente", afirmou Bolsonaro. Na sexta-feira, 5, o presidente convocou uma coletiva de
imprensa para anunciar que pretendia apresentar um projeto de lei ao Congresso
para mudar a cobrança do ICMS, imposto estadual, sobre combustíveis. A ideia é
que ela seja feita por um valor fixo (e não um porcentual) ou que fosse cobrado
na refinaria (e não na bomba como é hoje). Em nota, os secretários estaduais de Fazenda rebateram,
dizendo que o alto custo dos combustíveis se deve à política de preços da
Petrobrás - e não ao peso do imposto estadual. "O preço da refinaria é menos da metade do preço da
bomba. Isso é fato. O preço na bomba é mais do dobro da refinaria. O quê que
encarece? São os impostos e mais outras coisas também. O imposto federal é
alto, o estadual é alto, a margem de lucro das distribuidoras é grande e a
margem de lucro dos postos também é grande. Então, está todo mundo errado, no
meu entendimento, pode ser que eu esteja equivocado", disse Bolsonaro. Em outra frente, o Ministério da Economia também avalia a
redução de PIS/Cofins sobre o diesel para atenuar o efeito do aumento no preço
do combustível sobre o bolso dos caminhoneiros. Técnicos, porém, alertam que a
medida só deve prosperar se houver compensação, ou seja, elevação de outro
tributo ou corte de subsídio. Bolsonaro ressaltou que cada centavo de redução
no PIS/Cofins sobre o diesel teria impacto de R$ 800 milhões nos cofres
públicos. Como mostrou o Estadão, estão em estudo limitar a isenção do
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros com valor mais alto,
como SUVs, para pessoas com deficiência e acabar com renúncias tributárias para
o setor petroquímico. As duas medidas podem garantir receita de R$ 2 bilhões
aos cofres públicos.
Na sexta-feira, a Petrobrás anunciou em comunicado a
investidores que mudou sua política de preços de reajustes trimestrais para
anuais. A modificação foi feita no primeiro semestre do ano passado, mas só foi
comunicada pela empresa depois de revelada pela agência de notícias Reuters, o
que pegou o mercado de surpresa e levantou dúvidas sobre a transparência da
decisão. Estadão
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