12/04/2022
Presidente do BC se diz surpreso com alta da inflação, a maior para o mês desde a implantação do real
BRASÍLIA, DF - O presidente do Banco Central, Roberto Campos
Neto, classificou como "bastante alto" o núcleo da inflação. Ele se
manifestou “surpreso” com a aceleração de 1,62% apresentada em março para o
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA). As declarações foram feitas em
evento transmitido pela internet. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o IPCA de março foi a maior taxa para um mês de março desde
a implantação do Plano Real, em 1994. Entre as justificativas para o resultado, Campos Neto citou
índices relacionados a “processos industriais”, que, segundo ele, não caíram da
forma como era esperado. Já o setor de serviços reagiu, segundo Campos neto,
“mais ou menos” da forma esperada, referindo-se à inflação represada do setor. Surpresas “Os núcleos de inflação estão bastante altos, e as surpresas
de curto prazo têm um pedaço que foi gasolina e outro que foi vestuário, que
veio muito forte. A gente então olha a cadeia e vê se tem alguma coisa mais
informativa no longo prazo”, disse. “A gente entende que tem um choque de energia em cima de um
choque que já vinha. A gente vê a difusão, que foi uma das mais altas que já
tivemos”, acrescentou. Campos Neto, no entanto, disse que, apesar da surpresa
causada pelos resultados inflacionários, acredita em uma melhora futura da
situação, quando a alta da taxa básica de juros refletir com mais intensidade
na economia. “A gente teve uma surpresa neste último número [IPCA de
março]. Vamos olhar e analisar os fatores que estão gerando essas surpresas
inflacionárias e vamos comunicar isso em um momento maios apropriado”, disse. O presidente do Banco Central disse, no entanto, “que grande
parte do trabalho que fizemos em termos de juros terá impacto nos próximos
trimestres. Então temos ainda uma defasagem em relação ao que já foi feito”.
Campos Neto lembrou que a autoridade monetária está “sempre
aberta a reanalisar o cenário, se entendermos que haja alguma coisa diferente
do padrão que tínhamos identificado até então”. Agência Brasil, com foto: Fábio Rodrigues Pozzebom
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