30/03/2022
Saúde contraria Bolsonaro e diz que não pode decretar fim da pandemia da Covid-19 no Brasil
BRASÍLIA, DF - O Ministério da Saúde afirmou nesta
quarta-feira (30) que não pretende decretar o "fim da pandemia" de
Covid-19 no Brasil nos próximos dias. A declaração vai contra a expectativa
declarada pelo presidente Jair Bolsonaro, que citou em evento na Bahia que
havia estudos para que isso ocorresse até 31 de março. Em evento em Brasília, representantes da pasta esclareceram
que não está na competência do ministério decretar o fim da pandemia, mas sim
estipular a validade do decreto que instituiu "emergência sanitária
nacional" por causa da Covid-19, em fevereiro de 2020. Segundo a Lei 13.979/2020, que trata de medidas de
enfrentamento da pandemia, um "ato do Ministro de Estado da Saúde disporá
sobre a duração da situação de emergência de saúde pública" sobre o qual
trata a legislação. Para decretar o fim da emergência pública, segundo Queiroga,
é preciso que ao menos três fatores estejam contemplados (entenda mais abaixo).
Além disso, o ministro disse que Bolsonaro pediu "prudência", na
análise da questão. A declaração de pandemia foi feita em 11 de março de 2020
pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Depois disso, países regulamentaram
leis para determinar como seria o enfrentamento à doença. Três pontos Segundo Queiroga, para determinar o fim de emergência em
saúde pública, é preciso fazer análises. Ele citou três pontos: - Cenário epidemiológico - Estrutura do sistema hospitalar - Ter à disposição determinados medicamentos que podem ter
ação eficaz no combate à Covid-19 na sua fase inicial "Precisamos analisar o cenário epidemiológico que,
felizmente, cada dia ruma para um controle maior, com queda de casos sustentada
na última quinzena, queda de óbitos. A segunda condição é a estrutura do nosso
sistema hospitalar, sobretudo das UTIs. O terceiro ponto é ter determinados
medicamentos que podem ter ação eficaz no combate à Covid-19 na sua fase
inicial para impedir que essa doença evolua para a forma grave", explicou
o ministro. O fim da Emergência em Saúde Pública, no entanto, impacta em
mais de cem medidas e portarias, que deixarão de valer com o fim da pandemia. "Eu tenho a caneta, mas tenho que usar de maneira
apropriada. O presidente pediu prudência. Estamos procurando harmonizar as
medidas que já estão sendo tomadas por Estados e Municípios [...] Não pode ser
interrompida nenhuma politica pública que seja importante e fundamental ao
combate da Covid-19", completou Queiroga. De pandemia para
endemia Endemia é o status de doenças recorrentes, típicas, que se
manifestam com frequência em uma determinada região, mas para a qual a
população e os serviços de saúde já estão preparados. Nas últimas semanas, o ministro da Saúde chegou a falar
sobre o rebaixamento de pandemia para endemia, assim como o presidente Jair
Bolsonaro. Em 16 de março, Bolsonaro afirmou que pretendia alterar, até 31 de
março, o status da Covid-19 no Brasil. "A tendência do Queiroga, que é autoridade nesta
questão, tem conversado na Câmara de Deputados, parlamentares, também o
Supremo, que é o órgão federal. A ideia é que até o dia 31, é a ideia dele,
passar de pandemia para endemia e vocês vão ficar livres da máscara em
definitivo", disse Bolsonaro. Em 18 de março, Queiroga disse em Belo Horizonte que a
pandemia deveria ser rebaixada para endemia até o início de abril. "Estamos bem próximos de fazer isso, né? O presidente
tem uma expectativa que isso aconteça agora no final de março, começo de abril.
Precisamos ver a questão epidemiológica. O presidente Bolsonaro dá a nós, do
Ministério da Saúde, autonomia muito grande para nós trabalharmos e os
resultados destas políticas estão aí", disse Queiroga.
Desde março de 2020 a Organização Mundial de Saúde
classifica como pandemia o cenário da Covid-19 no mundo. Em janeiro deste ano,
o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, emitiu alerta aos líderes mundiais
de que a pandemia de Covid-19 "não está nem perto do fim". g1, com foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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