05/02/2021
Escola tem 42 casos de Covid-19 e fecha após volta presencial das aulas, autorizada na semana passada
Ao menos três escolas privadas e uma pública de Campinas
registraram casos de covid-19 após a retomada dos trabalhos presenciais, no fim
de janeiro. A situação mais grave foi registrada no colégio Jaime Kratz, com 37
funcionários e cinco alunos infectados pelo coronavírus. Em nota, o colégio Jaime Kratz confirmou os casos e disse
que uma professora está internada, em quadro estável. Após a confirmação, as
aulas presenciais foram suspensas na segunda-feira, 1º, até 18 de fevereiro. Com 1,3 mil alunos, a escola estava com aulas presenciais
desde 25 de janeiro, com rodízio de 35% dos estudantes por dia, conforme as
regras do governo estadual. “A direção da escola reforça que adotou todas as
medidas de segurança como distanciamento social, uso de máscara e álcool em
gel, além da desinfecção diária da unidade escolar”, justificou-se no
comunicado. Nas redes sociais, a instituição tem compartilhado postagens
de pais e alunos em apoio à instituição. Conforme a Vigilância Sanitária de
Campinas, o surto entre os professores teve origem na semana anterior à volta
às aulas, “em reuniões de treinamento e planejamento onde ocorreram as quebras
das medidas de barreira”. Já o Colégio Farroupilha, de educação infantil e
fundamental, registrou a contaminação de uma professora e uma aluna, filha da
docente, após o retorno ao ensino presencial, em 26 de janeiro, em formato de
rodízio. Como prevenção, decidiu suspender as aulas presenciais na terça-feira,
2, até o dia 14. "Todos os protocolos de segurança e higiene foram e continuam
sendo adotados, rigorosamente", afirmou, em nota. Segundo a Vigilância
Sanitária da cidade, o caso não se trata de um surto e a escola está sendo
monitorada. Após o registro dos casos, o promotor Rodrigo Augusto de
Oliveira, do Ministério Público de São Paulo, pediu esclarecimentos às duas
escolas na terça-feira, 2. Dentre as informações solicitadas, que devem ser
respondidas em 10 dias, estão os protocolos de segurança sanitária adotados
para prevenção à disseminação do coronavírus. À Vigilância Sanitária, foi
solicitada vistoria em ambas, com envio dos respectivos relatórios. Além delas, o Colégio Múltiplo, de educação básica,
registrou um caso, cuja investigação da vigilância municipal constatou
“transmissão domiciliar”. “Por enquanto, não há outras pessoas suspeitas na
escola”, informou a gestão municipal. A reportagem procurou o colégio e, até o
momento, não obteve retorno. Há, ainda, o registro de um caso na Escola Estadual Deputado
Eduardo Barnabé, também em Campinas. Segundo a Secretaria da Educação do Estado
de São Paulo, a coordenadora da unidade teve resultado positivo para o teste de
covid-19 e foi afastada, assim como outros quatro funcionários que ela teve
contato. "A escola está seguindo todos os protocolos definidos
pelo Centro de Contingência para garantir a segurança de todos alunos e
professores", destacou em nota. "Até o momento, não houve transmissão
dentro das escolas e o plano para volta às aulas no dia 8 de fevereiro segue
normalmente." Na rede de ensino municipal, a Prefeitura anunciou há duas
semanas o adiamento da volta às aulas presenciais, antes prevista para 8 de
fevereiro, para 1º de março, caso esteja na fase amarela do Plano São Paulo, o
programa estadual de reabertura econômica da gestão João Doria (PSDB). Campinas
é a segunda cidade com mais casos (52.140) e a terceira em óbitos (1.658) no
Estado. O governo paulista autorizou a reabertura dos colégios mesmo
que as regiões estejam nas fases vermelha e laranja, as mais restritivas do
Plano São Paulo. Nesses casos, um terço dos alunos pode frequentar as classes
presenciais a cada dia, com o complemento de atividades remotas. A Secretaria
da Educação chegou a defender a obrigatoriedade da presença das crianças e
adolescentes nas escolas nas fases vermelha e laranja, mas recuou no fim de
janeiro, diante do aumento de infecções no Estado. Especialistas em educação defendem prioridade na reabertura
de escolas Especialistas em Educação têm apontado que o longo período
de afastamento das escolas traz prejuízos socioemocionais e de aprendizagem às
crianças e jovens, principalmente entre os mais vulneráveis. Segundo eles, é
preciso priorizar a retomada das atividades presenciais na educação e não a
abertura de outros serviços, como bares e academias. Na Europa, governos mantiveram colégios abertos mesmo em
parte dos períodos de lockdown, por entendimento sobre a importância das
classes. Parte dos professores no Brasil, por sua vezes, resiste à volta por
medo da contaminação e o sindicato docente da rede estadual cogita entrar em
greve.
Na área de Saúde, especialistas se dividem. Parte destaca
evidências científicas sobre a segurança do retorno com protocolos sanitários e
o baixo risco de infecção entre os mais novos. Outros especialistas veem chance
de transmissão maior com o aumento da circulação da comunidade escolar,
incluindo professores, funcionários e famílias dos alunos. Estadão
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