11/03/2022
Recorde: Petrobras reajusta gasolina em 18,8%, diesel em 24,9% e gás de cozinha em 16,1%
BRASÍLIA, DF - Em meio à disparada dos preços do petróleo, a
Petrobras anunciou nesta quinta-feira (10) reajustes nos preços de gasolina e
diesel após quase 2 meses de valores congelados nas refinarias. "Após 57 dias sem reajustes, a partir de 11/03/2022, a
Petrobras fará ajustes nos seus preços de venda de gasolina e diesel para as
distribuidoras", informou a estatal, em comunicado. A partir desta sexta-feira (11), o preço médio de venda da
gasolina para as distribuidoras passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro, um
aumento de 18,8%. Para o diesel, o preço médio passará de R$ 3,61 para R$ 4,51
por litro, uma alta de 24,9%. Para o GLP, o preço médio de venda do GLP da Petrobras, para
as distribuidoras foi reajustado em 16,1%, e passará de R$ 3,86 para R$ 4,48
por kg, equivalente a R$ 58,21 por 13kg. O produto não era reajustado há 152 dias e custa atualmente
no país R$ 102,64 o botijão de 13 kg, em média, segundo pesquisa da Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). "Após serem observados preços em patamares
consistentemente elevados, tornou-se necessário que a Petrobras promova ajustes
nos seus preços de venda às distribuidoras para que o mercado brasileiro
continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores
responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras"::
distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras" ,
justificou a estatal, acrescentando que decidiu não repassar de imediato a
volatilidade decorrente da guerra na Ucrânia. "Esses valores refletem parte da elevação dos patamares
internacionais de preços de petróleo, impactados pela oferta limitada frente a
demanda mundial por energia. Mantemos nosso monitoramento contínuo do mercado
nesse momento desafiador e de alta volatilidade", acrescentou a Petrobras. As ações da Petrobras subiram mais de 4% após o anúncio. Preço nas bombas Vale lembrar que o valor final dos preços dos combustíveis
nas bombas depende também de impostos e das margens de lucro de distribuidores
e revendedores. Segundo a ANP, o preço médio da gasolina no país ficou em R$
6,577 na semana encerrada no dia 5. Já o do diesel, em R$ 5,603. Mudanças na política
de preços O mercado segue de olho em medidas do governo para conter a
alta dos preços dos combustíveis para os consumidores. Sem consenso para a
análise, o Senado adiou na quarta-feira (9), pela terceira vez, a votação de
dois projetos com o objetivo de conter a alta de preços dos combustíveis. Desde 2016, a Petrobras passou a adotar para suas refinarias
uma política de preços que se orienta pelas flutuações do preço do barril de
petróleo no mercado internacional e pelo câmbio. O presidente Jair Bolsonaro, mirando a campanha à reeleição,
tem indicado, porém, que não deve deixar a estatal brasileira repassar
integralmente a alta do petróleo no mercado internacional aos preços do mercado
interno. Na segunda-feira (7), ele disse que a paridade da empresa com os
preços internacionais "não pode continuar". O petróleo Brent, principal referência internacional, já
acumula alta de mais de 40% no ano, e chegou a alcançar US$ 139 na
segunda-feira (7). De acordo com o sócio-diretor do Centro Brasileiro de
Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, mesmo com o novo reajuste, a defasagem
ante a paridade de importação ainda é em torno de 20% (estava em -31,6% em
07/03) no preço da gasolina nas refinarias da Petrobras no Brasil e de 19%
(estava em -34,1% em 07/03) no diesel. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) classificou o
reajuste desta quinta-feira como "inadmissível” e "mais uma
demonstração da falta de respeito do governo Bolsonaro e da gestão da
Petrobras", uma vez que foi anunciado enquanto estava em votação no Senado
Federal projeto de lei para a estabilização dos preços dos combustíveis.
"Desde a adoção do Preço de Paridade de Importação
(PPI), em outubro de 2016, a gasolina e o óleo diesel, na refinaria, tiveram
reajuste de 157%, ante uma inflação de 31,5% no período. No gás de cozinha, a
alta acumulada foi ainda maior, de 349,3%", afirmou, em nota, a FUP. g1, com foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
|