10/03/2022
Aprovado projeto de Nilda que dá às mulheres autonomia na escolha do método contraceptivo
BRASÍLIA, DF - O Senado Federal aprovou nesta terça-feira
(08) o Projeto de Lei nº 2.889/2021, de autoria da senadora Nilda Gondim
(MDB-PB), que, entre outras medidas, proíbe os planos de saúde de exigirem o
consentimento do cônjuge ou do companheiro para que mulheres utilizem métodos
contraceptivos. A matéria segue agora para análise e votação na Câmara dos
Deputados. O PL 2889/2021 altera a Lei 9.263/1996 para impedir a recusa
injustificada da oferta dos métodos contraceptivos e técnicas de planejamento
familiar por parte das operadoras de planos de saúde e de empresas que
comercializam produtos contraceptivos. O projeto também pune com multa quem
impedir ou dificultar, sem a devida justificativa, o acesso da mulher aos
métodos de planejamento familiar. Ao justificar a iniciativa, a senadora Nilda Gondim observou
que algumas operadoras de planos de saúde exigem autorização prévia dos
cônjuges para que mulheres possam se submeter ao implante de dispositivo
intrauterino (DIU). Para ela, além de ser flagrantemente ilegal, essa
determinação fere os preceitos de liberdade de escolha das mulheres, assim como
a legislação vigente, segundo a qual o planejamento familiar é direito de todo
cidadão. “Essa conduta das operadoras de planos de saúde fere não
somente o direito das mulheres em relação ao seu planejamento familiar, mas
também impõe descabida barreira de acesso ao tratamento de certas doenças que
as afligem, como a endometriose, por exemplo, cujos sintomas podem melhorar com
o uso de DIU”, ressaltou a senadora, para quem a exigência das operadoras não
deixa de ser uma forma de estímulo à violência doméstica e sexual. Conduta ilegal A parlamentar lembrou que, segundo a Lei nº 11.640/2006 (Lei
Maria da Penha), a violência sexual pode ser perpetrada por conduta que impeça
a mulher de usar qualquer método contraceptivo. “Trata-se, portanto, de um
atentado à autonomia reprodutiva das mulheres, que não se pode permitir. Embora
a conduta das operadoras de planos de saúde seja flagrantemente ilegal, elas se
valem de interpretação incorreta de dispositivo da Lei nº 9.263, de 1996, que
trata de planejamento familiar e exige consentimento prévio do cônjuge para a
realização de esterilização cirúrgica”, disse a senadora. Nilda Gondim acrescentou que essa exigência também soa como
uma intervenção inconcebível do Estado sobre a liberdade de escolha individual,
atingindo a autonomia, não somente das mulheres, mas também dos homens que
desejam se submeter à esterilização cirúrgica. Dona do próprio corpo Dizendo-se feliz com a aprovação do projeto, que prevê
sanções às pessoas ou instituições que, de algum modo, impeçam ou dificultem,
injustificadamente, o acesso a qualquer um dos métodos de planejamento familiar
disponíveis, Nilda Gondim afirmou que o mais importante na iniciativa é a
garantia, a todas as mulheres, do direito de serem donas dos seus próprios
corpos e de tomarem as atitudes que elas quiserem. Dignidade humana A senadora Zenaide Maia (PROS-RN), que atuou como relatora
do PL 2.889/2021, apresentou parecer favorável e disse que a atitude das
operadoras é flagrantemente ilegal pois aplicam ao DIU – um método de
contracepção transitória – uma regra legal prevista apenas para os casos de
esterilização cirúrgica definitiva. “Concordamos com a iniciativa sob análise, pois
acreditamos que ela está em plena sintonia com o princípio constitucional da
dignidade da pessoa humana. Além disso, sua aprovação dará maior coerência ao
texto da Lei 9.263, de 1996, que estabelece que o planejamento familiar é
direito de todo cidadão”, enfatizou. Zenaide Maia acatou emenda apresentada pelo senador Fabiano
Contarato (PT-ES), para explicitar que a recusa injustificada de acesso a
método contraceptivo se trata de contravenção penal. “É difícil a gente
acreditar que, em pleno século XXI, uma mulher, para resolver fazer uma
laqueadura, precise que seu cônjuge autorize ou, então, que um homem, que
decida por fazer uma vasectomia, precise da autorização da sua companheira.
Isso é uma coisa bastante individual. E não há desculpa para se negar isso”,
ressaltou a relatora. Combate ao desrespeito
às mulheres
A senadora Rose de Freitas (MDB-ES) também elogiou o projeto
de Nilda Gondim: “Estamos falando de um instrumento legal para combater a
irresponsabilidade dos planos de saúde, a ousadia e o desrespeito às mulheres
e, também, à família como um todo, na medida em que só a mulher pode conceber,
só ela pode engravidar, só ela pode decidir se quer ou não o DIU. Pode discutir
com o seu companheiro, mas a sua decisão não pode ser objeto de matéria dentro
de um plano de saúde, de maneira nenhuma”, afirmou. Assessoria, com foto: Leopoldo Silva/Agência Senado
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