20/02/2022
Jovem autista aprovado no vestibular de Medicina afirma: “Tenho potencial para ser psiquiatra e mudar essa área”
PRAIA GRANDE, SP - Na Praia Grande, litoral paulista, um
jovem autista de 18 anos foi aprovado no vestibular de medicina de uma universidade
no Guarujá, também no litoral de São Paulo, após muita dedicação nos estudos e
simulação da prova em seu quarto. As informações são do G1. Devido às dificuldades de atenção e no aprendizado escolar,
Arthur Ataide Ferreira Garcia conta quem desde o Ensino Fundamental, estudava
sete horas por dia, “para compensar as dificuldades do autismo”. Ciente da comum falta de inclusão em alguns vestibulares,
além de estudar o conteúdo necessário, o jovem se preparou para o ambiente. “As
perguntas dependem muito de concentração, às vezes não são diretas. Fora as
sobrecargas sensoriais que você é exposto no dia da prova, como a intensidade
da luz da sala, o barulho de fora do prédio. Mas fui estudando e tentando
simular a experiência do vestibular no meu quarto, para me adaptar um pouco
melhor”, conta ao G1. O resultado o surpreendeu e, inicialmente, o fez acreditar
que pudesse estar errado. “Mas depois de um tempo, vi que fazia sentido. Era o
resultado de todo esforço que tive até aqui. Fiquei eufórico, contei para os
meus pais. Um dos momentos que mais me senti realizado. Tenho potencial para
ser psiquiatra e mudar essa área por dentro”, pondera. Expectativas Arthur deseja seguir a carreira de psiquiatra e revela que
seu objetivo é “tornar mais acessível para as pessoas autistas o direito de
elas receberem seu diagnóstico, que é o que nos garante os nossos direitos”. Em sua experiência como paciente com diagnóstico de
Transtorno do Espectro Autista (TEA), o jovem sente a falta de preparação sobre
essa condição em muitos profissionais de psiquiatria, muitas vezes com visão
preconceituosa e estigmatizada. “Isso fez com que eu percebesse que alguém
precisa mudar isso. Alguém precisa tornar mais acessível para as pessoas
autistas o direito de elas receberem seu diagnóstico. É o diagnóstico que nos
garante nossos direitos às terapias, às plataformas e a medidas de inclusão,
que nos dão o direito de reivindicar ferramentas de acessibilidade para que a
gente possa frequenta qualquer tipo de meio.” O jovem almeja pela integração de todas as pessoas à
sociedade. “Eu quero ser um psiquiatra para ser alguém que vai entender as
pessoas autistas e para explicar para pais e familiares a importância de se
esforçar para entendê-los também. É difícil fazer parte de um grupo que, por
ser diferente da maior parte das pessoas, não é compreendido. Eu quero ser uma
figura que oferece compreensão. Muito do preconceito que as pessoas têm é
porque elas não entendem as nossas diferenças”, destaca.
Além de Arthur, seu irmão mais novo também tem diagnóstico
de TEA, e agora se inspira no futuro médico. “Se eu consegui, ele também
conseguirá. Ele está super confiante agora, se preparando para o vestibular
também”, conta. Istoé, com foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
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