09/02/2022
Estudo da USP revela aumento de transtornos psiquiátricos após-Covid-19
SÃO PAULO, SP - Um estudo feito pela Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que pessoas que tiveram covid-19 de
forma moderada ou grave passaram a registrar maior incidência de transtornos
psiquiátricos após a contaminação. O artigo sobre a pesquisa foi publicado na
revista científica General Hospital Psychiatry. Foram avaliados 425 adultos, depois de seis a nove meses da
alta hospitalar por causa da covid-19. Todos foram pacientes internados no
Hospital das Clínicas da USP por pelo menos 24 horas, entre março e setembro de
2020. Aqueles que precisaram de tratamento em unidade de terapia intensiva
(UTI) foram considerados casos graves e os demais, moderados. Os pacientes
foram submetidos a entrevista psiquiátrica estruturada, testes psicométricos e
bateria cognitiva. De acordo com o estudo, a prevalência de transtorno mental
comum neste grupo de pacientes pós-covid foi 32,2%, maior do que o relatado na
população geral brasileira (26,8%). Quanto ao diagnóstico de depressão, houve
prevalência de 8%, superior ao da população geral brasileira (em torno de 4% e
5%). Transtornos de ansiedade generalizada estavam presentes em 14,1%,
resultado também superior à prevalência na população geral brasileira (9,9%). Segundo a pesquisa, os resultados psiquiátricos não foram
associados a nenhuma variável clínica relacionada à gravidade da doença em fase
aguda, ou seja, não foram mais preponderantes naqueles pacientes que
apresentaram grau de inflamação maior, por exemplo. “Os comprometimentos psiquiátricos e cognitivos observados a
longo prazo após covid-19 moderada ou grave podem ser vistos como uma expressão
dos efeitos do SARS-CoV-2 na homeostase [equilíbrio] cerebral ou uma
representação de manifestações psiquiátricas inespecíficas secundárias à
diminuição do estado geral de saúde”, diz o texto da pesquisa, que tem Rodolfo
Damiano, médico residente do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina
da USP como primeiro autor.
Os resultados da pesquisa, que contou com apoio da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), podem ser vistos CLICANDO AQUI. Agência Brasil, com foto: Ilustração/Pixabay
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