25/01/2022
UFRJ: velocidade de transmissão da Covid-19 é crítica e tende a acelerar
RIO DE JANEIRO, RJ - A velocidade de transmissão do novo
coronavírus no estado do Rio de Janeiro está em patamar crítico e tende a
acelerar ainda mais, segundo análise divulgada hoje (24) pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). De acordo com o Covidímetro, estudo elaborado
Grupo de Trabalho (GT) Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19 da UFRJ,
cada 100 pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2, na semana de 9 a 15 de janeiro,
infectaram mais 254. Vice-coordenador do GT, Guilherme Horta Travassos explica
que a taxa de transmissão não chegava a patamares tão altos desde os meses de
fevereiro e março de 2020, quando o vírus iniciava a primeira onda de
infecções. Na capital, a transmissão é ainda mais acelerada, com taxa
de 2,61 novas infecções a cada caso confirmado. "Em processos pandêmicos, valores acima de 1 são
considerados preocupantes, e, acima de 2, bastante preocupantes, bem
críticos", explica Travassos, que é professor de engenharia de sistemas e
computação da Coppe/UFRJ e fez parte da elaboração do modelo que calcula a taxa
de transmissão. "E já se percebe nos dados atuais um aumento no número de
casos. Então, a expectativa é que, talvez, os valores possam aumentar para a
semana seguinte. É uma situação de bastante preocupação". Colapso nos serviços O risco de uma taxa de transmissão tão acelerada, explica
ele, é um colapso na prestação de serviços, o que não se restringe ao
atendimento hospitalar. "Quando as pessoas testam positivo ou têm contato
com pessoas adoentadas, elas precisam ficar isoladas, então, as empresas deixam
de ter seus times completos. Com isso, vemos até empresas aéreas que não
conseguem colocar aviões no ar", exemplifica. "Se a gente não der um
jeito de frear essa aceleração, se não reduzir essa velocidade, a situação vai
ser muito complicada." Apesar de o modelo de cálculo da taxa de transmissão indicar
que é necessário lockdown quando o índice fica acima de 2 pontos, Travassos
explica que essa é uma avaliação que não pode ser feita com base em apenas um
indicador. "Olhar apenas o R [taxa de transmissão] não é
suficiente. A gente tem que olhar o número de casos por 100 mil habitantes, a
ocupação hospitalar, a disponibilidade de profissionais de saúde. Tudo isso tem
que ser visto", explica, destacando que a universidade poderá recomendar
medidas mais restritivas caso a situação se agrave. Variante Ômicron A expansão acelerada dos casos de covid-19 com a
disseminação da variante Ômicron levou a capital fluminense a confirmar mais de
144 mil infecções somente nos 24 primeiros dias de 2022. O montante corresponde
a mais da metade de todos os casos confirmados em 2021, quando a cidade
notificou 286 mil infecções. Já o estado do Rio de Janeiro registrou 257 mil casos de
covid-19 em 2022, o que corresponde a mais de um quarto dos 918 mil confirmados
ao longo de todo o ano de 2021, segundo o painel de dados da Secretaria de
Estado de Saúde. Máscara e vacinação Travassos recomenda que a população use máscara, mantenha a
higiene das mãos, evite lugares com aglomeração e complete o esquema vacinal,
fator que ele considera primordial para que o cenário atual não avance e atinja
patamares de internação registrados em outros momentos de transmissão
acelerada. "A demanda hospitalar ocorre, principalmente, com aqueles
indivíduos que não estão com a vacinação completa." Segundo dados divulgados na semana passada pela Secretaria
Municipal de Saúde, 90% dos internados por covid-19 não completaram o esquema
vacinal contra a doença, e cerca de 45% não haviam tomado nenhuma dose dos
imunizantes disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). O pesquisador da UFRJ ressalta que, apesar de a taxa de
contágio ser a mais alta desde a primeira onda da pandemia, a proteção
conferida pela vacinação produziu um cenário em que o número de casos é maior
que em outros momentos, mas as mortes e internações não crescem na mesma
proporção. Mortes O painel de dados da Secretaria Municipal de Saúde informa
que, desde o início do ano, houve 81 vítimas da covid-19 na capital, número
menor que o confirmado apenas no dia 1° de janeiro de 2021, quando foram
notificados 91 óbitos.
Já no estado, foram 210 mortes confirmadas entre 1º e 23 de
janeiro de 2022. No mesmo período do ano passado, a pandemia fez mais de 3,2
mil vítimas. Agência Brasil, com foto: Rovena Rosa
|