18/01/2022
Brasil encerrou 2021 com recorde de endividados, o maior índice dos últimos 11 anos
BRASÍLIA, DF - O nível de endividamento médio das famílias
brasileiras em 2021 foi o maior em 11 anos, segundo a Pesquisa de Endividamento
e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada hoje (18) pela Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com o levantamento, o último ano apresentou
recorde do total de endividados, registrando uma média de 70,9% das famílias
brasileiras, enquanto dezembro alcançou o patamar máximo histórico com 76,3% do
total de famílias. Segundo a CNC, as famílias recorreram mais ao crédito para
sustentar o consumo. Na avaliação por faixa de renda, o endividamento médio das
famílias com até 10 salários mínimos mensais aumentou 4,3 pontos percentuais
(p.p), chegando 72,1% do total. Na faixa de renda superior, acima de 10
salários mínimos, o indicador aumentou ainda mais, 5,8 p.p., e fechou em 66%. O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que, entre
as famílias com rendimentos acima de 10 salários mínimos, a demanda represada,
em especial pelo consumo de serviços, fez o endividamento aumentar ainda mais
expressivamente, em especial no cartão de crédito. “O processo de imunização da população possibilitou a
flexibilização da pandemia, refletindo no aumento da circulação de pessoas nas
áreas comerciais ao longo do ano, o que respondeu à retomada do consumo,
principalmente de serviços”, disse Tadros, em nota. Na comparação com 2020, das cinco regiões do país, apenas o
Centro-Oeste apresentou queda do índice, 0,3 ponto percentual. O Norte
registrou estabilidade, e o Sudeste se destacou com aumento de 5,9 ponto
percentual (p.p.), seguido pelo Sul (+5,5 p.p.) e o Nordeste (+4,5 p.p.).
Porém, considerando o total de endividados, o Sul contou com o maior
percentual, aproximando-se de 82%. Inadimplência Na direção oposta dos indicadores de endividamento, no
último ano, os números de inadimplência apresentaram queda. De acordo com a
pesquisa, o percentual médio de famílias com contas e/ou dívidas em atraso
diminuiu 0,3 p.p. na comparação com 2020, chegando a 25,2%. Após iniciar 2021 em patamar superior ao observado no fim do
ano anterior, o percentual mensal de inadimplência teve redução até maio, mas
passou a apresentar tendência de alta desde então, alcançando 26,2% em dezembro
e ficando acima da média anual. “O percentual de famílias que declararam não ter condições
de pagar suas contas e/ou dívidas em atraso e que, portanto, devem permanecer
inadimplentes também contou com uma redução na comparação com 2020, 0,6 p.p.,
totalizando 10,5% dos lares no país. Os números indicam que essa parcela de
consumidores apresentou movimentos diferentes ao longo do ano. Enquanto, no
primeiro semestre, o indicador de inadimplência recorrente oscilou entre baixa
e alta, a partir de julho passou a registrar tendência de queda, encerrando o
ano em 10% do total de famílias, abaixo da média anual”, afirmou a CNC. Para a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis
Ferreira, os números indicam que, ainda que em condições financeiras mais
acirradas, os consumidores conseguiram quitar os compromissos financeiros e
evitaram incremento da inadimplência até o fim do terceiro trimestre. Nos
últimos três meses do ano, no entanto, o indicador de contas em atraso
aumentou, já indicando tendência de alta para o início de 2022.
“Os consumidores seguirão enfrentando os mesmos desafios
financeiros da segunda metade de 2021, principalmente inflação, juros elevados
e mercado de trabalho formal ainda frágil. Soma-se a isso o vencimento de
despesas típicas do primeiro trimestre, que deverá apertar ainda mais os
orçamentos domésticos neste período”, disse Izis. Agência Brasil, com foto: Toninho Tavares/Agência Brasília
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