07/12/2021
PF investiga suposto superfaturamento de R$ 130 milhões em impressão de provas do Enem
BRASÍLIA, DF - A Polícia Federal deflagrou, nesta
terça-feira (7), uma operação que apura suposto superfaturamento de R$ 130
milhões em contratos firmados com gráficas que imprimiam provas do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo a investigação, as fraudes ocorreram
entre 2010 e 2019. De acordo com a PF, servidores do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) favoreceram empresas em
contratos milionários. Os alvos são a multinacional RR Donnelley e a gráfica
Valid (veja mais abaixo). Em nota, a Valid informou que "cumpre estritamente as
leis e regulações aplicáveis" e que está à disposição das autoridades
competentes (veja íntegra da nota abaixo). O g1 entrou em contato com a RR
Donnelley, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. A operação também aponta que funcionários do Inep são
suspeitos de enriquecimento ilícito. A reportagem entrou em contato com o
órgão, mas não obteve respostas. A PF investiga crimes contra a lei de licitações, corrupção
ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ao todo, são
cumpridos 41 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, Rio de Janeiro
e em São Paulo. A investigação identificou que, entre janeiro e fevereiro de
2019, servidores do Inep driblaram a licitação para garantir o contrato com a
gráfica Valid. As duas primeiras colocadas foram desclassificadas para beneficiar
a empresa, segundo a PF. Entre 2010 e 2018, a multinacional RR Donnelley estava à
frente da impressão das provas do Enem e, em abril de 2019, deixou de imprimir
as avaliações após declarar falência. A PF aponta que a empresa foi contratada pelo Inep sem
observar as normas de inexigência de licitação. Os policiais identificaram suposto
envolvimento de servidores com diretores da companhia. Enriquecimento
ilícito Desde 2010, a RR Donnelley e a Valid receberam R$ 880
milhões. O total superfaturado, segundo a PF, era para "comissionamento
[pagamento]" da organização criminosa, que é composta por empresários,
funcionários das empresas envolvidas e servidores públicos. A suspeita é de que os servidores envolvidos tiveram
enriquecimento ilícito de R$ 5 milhões durante o esquema. A PF, no entanto, não
divulgou a quantidade de funcionários do Inep envolvidos. Além dos mandados de busca e apreensão, a Justiça determinou
o sequestro de R$ 130 milhões das empresas e de pessoas investigadas. A
operação conta com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU). O que diz a Valid "A Valid informa que prestou o serviço de impressão da
prova do Enem em caráter emergencial no ano de 2019, a pedido do Inep e
seguindo todos os ritos legais pertinentes, em decorrência da empresa vencedora
da licitação em 2016 [RR Donnelly] ter entrado com pedido de falência e deixado
de cumprir suas obrigações contratuais com a prova do Enem. A Valid, como participante deste certame e em virtude da
desclassificação e/ou impossibilidade de prestação do serviço pelos vencedores
deste certame, foi acionada pelo Inep para a prestação deste serviço nas mesmas
condições contratuais do vencedor, conforme previsão na Lei 8666/93 – artigo
24, XI. O serviço da Valid na prova do Enem foi prestado apenas no ano de 2019.
A Valid informa que cumpre estritamente as leis e regulações
aplicáveis e está totalmente à disposição para continuar colaborando com a
apuração dos fatos pelas autoridades competentes". g1, com foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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