05/12/2021
Covid-19 suspende aulas de 99,3% das escolas de educação básica no Brasil, diz IBGE
BRASÍLIA, DF - A pesquisa Síntese de Indicadores Sociais
(SIS): uma análise das condições de vida da população brasileira, divulgada nesta
sexta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no
Rio de Janeiro, revela que o tempo médio de suspensão das atividades
presenciais de ensino e aprendizagem em 2020, em função da pandemia, somou
279,4 dias no Brasil. Na rede pública, a média de atividades suspensas
presencialmente foi de 287,5 dias, e, na rede privada, de 247,7 dias. No geral,
99,3% das escolas da educação básica suspenderam as atividades presenciais e
90,1% não retornaram no ano letivo de 2020. O maior tempo médio total de suspensão das aulas presenciais
foi identificado na Região Nordeste do país (299,2 dias), com destaque para a
rede pública (307,1 dias). Na rede privada de ensino, o maior tempo médio de
suspensão de aulas presenciais foi observado na Região Sudeste (250,8 dias). O IBGE informou que o Brasil está entre os países que
tiveram o maior período de suspensão das aulas presenciais, de acordo com o
monitoramento global da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco). Em novembro do ano passado, o IBGE apurou que 2,4% dos
estudantes de seis a 17 anos de idade frequentavam aulas presenciais
normalmente e 5,4% de forma parcial, enquanto 92,2% não tinham aulas
presenciais. Desse total, não foram disponibilizadas atividades escolares para
10,8%. Na educação básica, 42,6% das escolas promoveram aulas pela
internet, sendo 35,5% na rede pública e 69,8% na rede privada. Os menores
percentuais de adoção dessa estratégia de ensino foram identificados no Acre,
Amazonas, Pará e Roraima: 8,1%, 9,9%, 13,2% e 13,3%, respectivamente. Em
contrapartida, os maiores percentuais foram vistos no Ceará (61,8%) e no
Distrito Federal (82,9%). Diferenças Em 2019, 54% dos estudantes de 15 a 17 anos tinham internet
e computador ou notebook em casa, sendo 48,6% na rede pública e 90,5% na rede
privada. Entre os estudantes brancos dessa faixa etária, o total atingiu 67,3%,
contra 46,8% para estudantes pretos ou pardos, mostrando diferença de 20,5
pontos percentuais. Ao mesmo tempo, 9,2% das escolas públicas disponibilizaram
equipamentos (computador, notebook, smartphones) para uso dos alunos durante o
ano letivo de 2020 (8,7% das escolas públicas e 11,2% das escolas privadas). Os
menores percentuais na rede pública foram apurados no Amapá, Rondônia e Ceará
(entre 3,2% e 3,5%), enquanto os maiores percentuais foram anotados em Mato
Grosso do Sul, São Paulo e no Distrito Federal (18,1%, 18,6% e 21,9%,
respectivamente). Os maiores percentuais de estudantes de seis a 17 anos de
idade que frequentavam escolas sem atividades presenciais e sem oferta de
atividades escolares foram constatados, em novembro do ano passado, na Região
Norte (25,4%) e o menor na Região Sul (2,3%), sendo maiores também na área
rural (15,9%) e na rede pública (12,4%), o que é 4,3 vezes superior ao da rede
privada. Para o grupo de 15 a 17 anos, com idade oficial de
frequência ao ensino médio, 35,6% dos estudantes dedicaram menos de duas horas
diárias às atividades escolares em novembro de 2020, ante 43,9% dos estudantes
de seis a 14 anos de idade. Segundo o levantamento, a incidência de menor
dedicação aos estudos é maior entre os que frequentavam a rede pública (39,2%)
e entre os que tinham menos rendimentos. Habitação De acordo com a pesquisa do IBGE, a maioria da população
aponta problemas no domicílio, em especial entre pretos ou pardos. A
identificação de problemas é mais comum entre os mais jovens e entre aqueles
com menor rendimento. Em relação ao deslocamento ao trabalho nas capitais e
regiões metropolitanas, observou-se que os pretos ou pardos realizavam a maior
proporção de deslocamentos longos em 2017 e 2018 (18,1% contra 14,6% entre os
brancos). Entre os empregados domésticos, 28,5% fizeram deslocamentos de mais
de uma hora. Os empregados com carteira apresentaram deslocamentos mais
longos (22,5%) do que os empregados sem carteira (14,7%) e aqueles por conta
própria (7,9%). As maiores proporções de pessoas ocupadas com tempo de
deslocamento ao trabalho principal, em 2017 e 2018, superior a uma hora, foram
percebidas nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro (26,2%), São Paulo
(22,8%) e Belo Horizonte (16,5%). A pesquisa Síntese mostrou, ainda, que, no Brasil, em
2017/2018, 51,4% dos locatários tinham apenas contrato verbal ou de boca. Esse
grupo representava 8,6% da população do país. A situação está relacionada com
rendimentos da pessoa e cor ou raça. Entre os pretos ou pardos, a taxa de informalidade nos
contratos de aluguel atingia 58,7% contra 42,7% entre os brancos. Com base na
Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), 10,3% da população do país viviam em
domicílios sujeitos a uma inundação. Na região metropolitana do Rio de Janeiro,
28,2% da população estavam nessa situação, constituindo o maior percentual
entre as áreas urbanas das capitais brasileiras. Saúde No período de 2010 a 2017, as maiores despesas de consumo
final em saúde como percentual no Produto Interno Bruto (PIB) foram observadas
em 2015 (9,1%), 2016 (9,3%) e 2017 (9,2%). Nesses mesmos anos ocorreram as
maiores despesas com saúde das famílias (5,2%, 5,3% e 5,4% do PIB), bem como do
governo (3,9%, 4% e 3,9% do PIB, respectivamente). A despesa média mensal per capita com saúde no Brasil em
2017/2018 foi de R$ 133,24, equivalendo a 9,7% dos gastos. Na área urbana, esse
valor subiu para R$ 142,59, contra R$ 79,14 na área rural. A despesa mensal por
indivíduo foi de R$ 168,54 entre os homens brancos e R$ 91,29 entre homens
pretos ou pardos. Entre as mulheres, os gastos com saúde subiram para R$
188,05 para as de cor ou raça branca, e para R$ 98,99 para as de cor ou raça
preta ou parda. A despesa média mensal com saúde aumenta ao mesmo tempo que
avança a idade da pessoa. Para a faixa etária de 60 anos ou mais, atingiu R$
268,65, o mesmo ocorrendo em relação ao ensino superior completo (R$ 290,88).
Os gastos com saúde são maiores também para indivíduos com maior renda. As restrições de acesso a medicamentos e serviços de saúde,
no período 2017/2018, foram maiores para famílias monoparentais femininas,
apurando-se mais restrições em mulher de cor ou raça preta ou parda, com filhos
com 14 anos no domicílio (35,6% em serviços de saúde e 22,5% em medicamentos).
As pessoas sem plano de saúde enfrentam o dobro de restrições, informou o IBGE. Nos estabelecimentos com atendimento público pelo Sistema
Único de Saúde (SUS), a internação hospitalar cresceu 4,38% de 2019 para 2020,
enquanto a urgência evoluiu 3,23% no mesmo período. Já nos estabelecimentos com
atendimento privado (particular e plano de saúde), houve retração. A pesquisa constatou, também, que o total de brasileiros, em
2019, sem realizar consulta médica há mais de dois anos alcançou 11,7% da
população com 18 anos de idade ou mais. Desse total, 20,3% eram homens pretos
ou pardos e 14,5% eram homens brancos. Os serviços de saúde foram usados em internações para
tratamento clínico por 39,5% dos brasileiros, sendo a máxima utilização com
essa finalidade vista no Maranhão (54,2%) e a mínima (32,5%), em São Paulo. As
internações cirúrgicas tiveram média de 38,6% no país, com máxima de 46,3% no
Rio de Janeiro e mínima de 25,6% no Amapá. Os atendimentos com plano de saúde mostraram média de 30,2%
no Brasil, com máxima de 50,1% no Distrito Federal e mínima de 6,6% no
Maranhão. No Sistema Único de Saúde (SUS), a média no Brasil ficou em 63,3%,
com atendimento máximo de 89,3% no Maranhão e mínimo de 42,9% no Distrito
Federal. Óbitos Em 2020, foram registradas 1,6 milhão de mortes, revelando
crescimento de 15%, em relação ao ano anterior. De acordo com o Ministério da
Saúde, em 2019, o crescimento médio anual do número de óbitos no país foi de
1,9%. Em 2019, para o grupo de 60 a 69 anos de idade, a
mortalidade registrada por alguma doença infecciosa ou parasitária atingiu nove
mil pessoas e nenhum caso pelo novo coronavírus; no ano seguinte, foram 56 mil
mortes, das quais 47 mil por coronavírus.
Levando em conta a infecção pelo novo coronavírus de
localização não especificada, a população branca apresentou percentual mais
elevado no grupo com 70 anos ou mais (30,1%). Já os pretos ou pardos nessa
faixa etária registraram 24,3%. Em contrapartida, nos demais grupos de idade,
pretos ou pardos tiveram percentuais mais elevados que brancos (24,9% contra
20,7%, respectivamente). Agência Brasil, com foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília
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