15/11/2021
Ministro das Minas e Energia prevê novas altas nos preços dos combustíveis no Brasil
BRASÍLIA, DF - O ministro de Minas e Energia, Bento
Albuquerque, disse na última terça-feira (9) que o preço do petróleo deve subir
mais com a chegada do inverno no Hemisfério Norte e o consequente aumento do
consumo. Em audiência pública das comissões de Infraestrutura e temporária para
discutir as causas da crise energética do Senado, ele justificou a alta de
preços dos combustíveis em 2021. "Por que houve aumento? Principalmente
pela alta do petróleo, 60% só em 2021, e com tendência, com a chegada do
inverno no Hemisfério Norte, de subir um pouco mais", declarou
Albuquerque. Aos senadores, Albuquerque destacou que, embora a produção
de petróleo no Brasil tenha aumentado em 2021, no restante do mundo, ela
diminuiu, o que teria gerado uma crise de oferta e demanda. Ao citar o preço do
barril de petróleo, outro fator destacado pelo ministro para a alta da gasolina
e do diesel foi a desvalorização do real em comparação ao dólar. “O preço saiu
de US$ 66, em janeiro de 2020, e o valor subiu, hoje está em US$ 84. E se
formos ver a desvalorização cambial, o dólar saiu de R$ 4 em janeiro de 2020 e
hoje está em R$ 5,55. Isso tudo leva a aumento nos preços dos
combustíveis". Alternativa Albuquerque defendeu a atual política de preços e negou
interferência do governo federal neste setor da Petrobras. Ele lembrou que,
sendo uma empresa pública de economia mista, a estatal não pode sofrer
interferência do governo na fixação dos preços dos combustíveis. Sem dar detalhes da proposta nem de quando será oficialmente
apresentada, Bento Albuquerque, adiantou aos senadores que o governo estuda
criar um "colchão tributário" e uma reserva estabilizadora de preços
para conter a alta nos preços. Uma proposta nos mesmos moldes já havia sido
sugerida pelo Fórum de Governadores ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Ainda segundo Bento Albuquerque, a redução de tributos para
resolver o problema dependerá de compensações. "Alguns tributos já foram
reduzidos, outros estão em análise, tem que haver compensação. O colchão
tributário, que é uma medida que pode permitir, ao longo do tempo, que essas
variações dos preços do petróleo e também dos combustíveis sejam compensadas de
alguma forma. E uma reserva estabilizadora de preço, que seria uma reserva de
capital que pudesse ser aplicada quando houvesse uma volatilidade muito
grande", resumiu o ministro. ANP Segundo pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás e
Biocombustíveis (ANP), na média nacional, a gasolina foi vendida a R$ 6,71 por
litro, alta de 2,2%, ainda com repasses do último reajuste promovido pela
Petrobras, de 7%, no fim de outubro. Em Bagé, no Rio Grande do Sul, o litro do
combustível é o mais caro do país, cerca de R$ 7,999. O valor é recorde desde
que a agência começou a compilar os preços dos combustíveis em 2002. O diesel
também teve alta e custa, em média, R$ 5,339 por litro. O valor é 2,4% superior
ao praticado na semana anterior. ICMS Em outubro, a Câmara aprovou um projeto que muda a regra
sobre o ICMS (imposto estadual) de combustíveis. Pelo texto, para baratear o
preço da gasolina, o tributo deve ser aplicado sobre o valor médio dos últimos
dois anos. A proposta, alvo de críticas de governadores, está parada no Senado. Energia O ministro também foi cobrado a falar sobre o alto custo da
energia elétrica no país. As tarifas, ressaltaram os senadores, pressionam a
inflação e prejudicam principalmente as famílias de baixa renda, além de
atrapalharem a retomada econômica do Brasil no pós-pandemia. O relator da comissão temporária, senador José Aníbal
(PSDB-SP), destacou que há um sentimento comum de que houve falhas do governo
no planejamento do setor, resultando numa situação de emergência, com forte
impacto na vida das pessoas. “No orçamento doméstico, a conta de luz pesa muito
e a inadimplência é grande. Quando as distribuidoras cortam a energia, não o
fazem com satisfação. Fazem porque é preciso fazer. Há uma coisa pujante em
certas áreas: o brasileiro não ter energia em casa. O custo é elevado, apesar
de contarmos com uma matriz limpa”, observou. Em resposta, Bento Albuquerque disse que o preço da energia
aumentou no mundo todo e, nos últimos meses, o país tem enfrentado a pior
estiagem dos últimos 91 anos, principalmente nas regiões Sudeste e
Centro-Oeste. Apesar do quadro adverso, o ministro disse que as medidas tomadas
pelo governo desde outubro do ano passado permitem garantir que não haverá
racionamento nem apagões em 2022. CAE
Outra comissão do Senado, a de Assuntos Econômicos, aprovou
o convite para que Bento Albuquerque fale sobre a atual política de preço dos
combustíveis no colegiado. O ministro Paulo Guedes e o presidente da Petrobras,
Joaquim Silva e Luna, também serão convidados. A audiência pública ainda não
tem data marcada. Agência Brasil, com foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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