13/10/2021
Empresária de 26 anos tem pulmão perfurado após realizar sessão de acupuntura
SORRISO, MT - Uma empresária de 26 anos teve o pulmão
perfurado após uma sessão de acupuntura para aliviar dores no pescoço realizada
nesta segunda-feira (11), em Sorriso, no norte do Mato Grosso. Jessika Aldrey
Germiniani procurou o hospital horas depois, com dor e falta de ar, e passou
por uma cirurgia de emergência. Ao g1, a jovem contou que está usando um dreno no pulmão e
segue sem previsão de alta: "Fiquei apavorada quando o médico falou que eu
precisava de uma cirurgia de emergência. Comecei chorar, entrei em choque.
Tenho um filho de 5 anos, que hoje poderia estar sem mãe. O médico disse que
ganhei uma nova vida". Jessika disse ter procurado uma massoterapeuta no início da
semana, pois estava com dores no pescoço. Segundo a jovem, a profissional, que
atende aos clientes na casa dela, insistiu em realizar uma sessão de acupuntura
nas costas para adiantar o processo de recuperação. "Eu senti muita dor na hora, mas ela falou que fazia
parte do procedimento e me liberou para ir para casa. No mesmo momento comecei
a sentir dor e falta de ar. Cheguei em casa tentei deitar, mas não conseguia e
a falta de ar foi aumentando", relatou a empresária. O g1 entrou em contato com a profissional responsável pelo
procedimento, mas as mensagens e ligações não haviam sido atendidas até a
última atualização desta reportagem. A empresária afirmou que ligou para uma fisioterapeuta com
quem já havia feito acupuntura algum tempo atrás, para tentar saber o que
aconteceu. "Ela sugeriu que poderia ter acontecido o mais
improvável, que era ter perfurado meu pulmão, e pediu para eu procurar o
hospital imediatamente. Também liguei para a massagista para perguntar quantos
centímetros ela havia enfiado a agulha, mas ela não explicou direito, falou que
era coisa da minha cabeça", contou. No hospital, Jessika fez um exame de tomografia, que apontou
uma perfuração no pulmão. O laudo apontou pneumotórax, descrito como "presença de
ar entre as duas camadas da pleura (membrana fina, transparente, de duas
camadas que reveste os pulmões e o interior da parede torácica), resultando em
colapso parcial ou total do pulmão". Entre os sintomas, estão dificuldade
respiratória e dor torácica. "Fiquei apavorada. No momento em que saí da tomografia,
vi o médico vindo na minha direção com uma expressão no rosto de que não daria
boas notícias. Foi uma situação extremamente delicada. Ele [médico] disse que
um dia a mais em casa teria sido fatal. Eu iria morrer em casa sem ninguém
saber o que estava acontecendo", disse Jessika. A empresária deve ficar com um dreno até que o ar seja
extraído. Depois, será acompanhada por uma fisioterapeuta. A técnica da
acupuntura O Ministério da Saúde informa que, segundo a Política
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC), a Medicina
Tradicional Chinesa (MTC)/Acupuntura é de caráter multiprofissional. É
necessária a formação em cursos de especialização. Além de aliviar a dor, a técnica é utilizada como terapia
preventiva e pode evitar que as dores aumentem e comprometam outros locais. O médico acupunturiatra André Luiz Zanchetta Penedo, que
atua na área há mais de 20 anos, explicou que a técnica é eficaz, mas pode
ocasionar danos ao paciente quando realizada por uma pessoa sem experiência na
área. "Se a pessoas assistir a vídeos na internet, pensa que
a acupuntura é algo muito simples e fácil, mas não é bem assim. A agulha deve
ser inserida em uma profundidade e ângulo certo, com o estímulo certo para
acontecer o resultado", explicou Zanchetta. Ele disse que a técnica varia de acordo com o paciente:
"Se for um paciente magro, por exemplo, você não pode aprofundar a agulha
como [se fosse] em um paciente com um peso mais elevado". "É preciso
também saber o que a pessoa tem antes de resolver o problema. Tem que ter noção
do diagnóstico do paciente e do que a sua terapia faz." O especialista afirmou ainda que não é normal sentir dores
intensas no momento do procedimento e que, caso isso aconteça, o paciente deve
ser acompanhado e encaminhado ao hospital.
"Casos assim são raros. Não é normal sentir dor, pois
quando estimula o ponto certo não há dor. O paciente pode sentir uma sensação
de choque ou câimbra, dependendo do ponto, mas é superficial. O maior problema
nesse caso foi ter orientado a paciente a ficar em casa", avaliou. g1, com foto: Instagram/Arquivo Pessoal
|