10/08/2021
Ministro da Educação Milton Ribeiro defende que universidade seja “para poucos”
BRASÍLIA, DF - O ministro da Educação, Milton Ribeiro,
afirmou à TV Brasil que a "universidade deveria, na verdade, ser para
poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade". Ele defendeu que as
verdadeiras "vedetes" (protagonistas) do futuro sejam os institutos
federais, capazes de formar técnicos. "Tenho muito engenheiro ou advogado dirigindo Uber
porque não consegue colocação devida. Se fosse um técnico de informática,
conseguiria emprego, porque tem uma demanda muito grande", disse Ribeiro,
em entrevista ao programa "Sem Censura", na noite desta segunda-feira
(9). Política de cotas O ministro abordou a política de cotas em instituições de
ensino superior, alegando que "a crítica que havia no passado, de que só
'filhinho de papai' estuda em universidade pública, se descontrói com essa lei". "Pelo menos nas federais, 50% das vagas são
direcionadas para cotas. Mas os outros 50% são de alunos preparados, que não
trabalham durante o dia e podem fazer cursinho. Considero justo, porque são os
pais dos 'filhinhos de papai' que pagam impostos e sustentam a universidade
pública. Não podem ser penalizados." Posicionamento
político de reitores Ribeiro afirmou que "não é no meio da guerra que a
educação pode progredir. Se a gente quiser discutir com professores a ideologia
deles, cada um tem a sua, cada um caminha". "Respeitosamente, vejo que alguns deles optaram por
visão de mundo à esquerda, socialistas. Eu falei pra eles: se formos discutir
essas questões, nunca vamos chegar a um acordo", disse o ministro. Sobre os reitores, ele fez uma "ressalva". "Não pode ser esquerdista, lulista. Eu acho que reitor
tem que cuidar da educação e ponto-final, e respeitar quem pensa diferente. As
universidades federais não podem se tornar comitê político de um partido A, de
direita, e muito menos de esquerda." A nomeação de reitores de universidades no governo Bolsonaro
gerou críticas da comunidade acadêmica, depois que candidatos eleitos
internamente, nas instituições de ensino, não foram empossados pelo presidente. Crítica aos
professores O ministro também criticou parte dos professores da educação
básica. Segundo ele, há docentes que agem "com viés
político-ideológico" e prejudicam a volta às aulas presenciais. "Infelizmente, alguns maus professores (a grande
maioria está querendo voltar e se preocupa com as crianças) fomentam a
vacinação deles, que foi conseguida; agora [querem a imunização] das crianças;
depois, com todo o respeito, para o cachorro, para o gato. Querem vacinação de
todo jeito. O assunto é: querem manter escola fechada", disse. Também afirmou que precisa contar com a "sociedade
civil organizada" para que haja a retomada das atividades. "Como que o professor é capaz de ficar em casa e deixar
as crianças sem aula? A culpa não é do governo federal. Se pudesse, eu teria
mandado abrir todas as escolas. Mas não podemos, depende das redes municipais e
estaduais." Falhas nos protocolos Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) analisou os
protocolos de biossegurança na retomada às aulas presenciais de cinco estados
(Amazonas, Ceará, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e São Paulo), considerados
representativos na pandemia.
Com base em oito eixos (disponibilização de máscaras,
ventilação adequada, imunização, testagem de casos de Covid-19, transporte,
ensino remoto, distanciamento social e higiene), os cientistas concluíram que
não há garantia de um retorno seguro na pandemia. Em um espectro que vai de 0 a
100, o índice de adequação aos critérios de prevenção variou de 30 a 59. G1, com Foto: Isac Nóbrega/PR
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