07/06/2021
Apesar das insatisfações, jogadores da seleção brasileira decidem disputar Copa América
RIO DE JANEIRO, RJ - Apesar de algumas insatisfações, os
jogadores da Seleção decidiram que irão disputar a Copa América, que começa no
próximo domingo. O Brasil estreia diante da Venezuela, no estádio Mané
Garrincha, em Brasília. A decisão dos atletas deve ser comunicada juntamente com um
manifesto, com críticas à forma como o evento foi organizado, em meio à
pandemia de Covid-19. A tendência é que isso aconteça somente depois da partida
contra o Paraguai, às 21h30 (de Brasília) desta terça-feira, pelas
Eliminatórias da Copa do Mundo. A seleção brasileira disputará a Copa América com elenco
muito parecido com o que está reunido para os jogos das Eliminatórias. Tite
ainda pode chamar mais três atletas. A lista será anunciada na quarta-feira. Desde a última segunda-feira, quando o Brasil foi anunciado
como sede do torneio, antes previsto para acontecer na Argentina e na Colômbia,
os jogadores da Seleção passaram a discutir um possível boicote. O tema também foi tratado junto a líderes de outras seleções
sul-americanas. A falta de consenso, porém, fez com que a ideia não
prosperasse. Os jogadores da seleção brasileira ficaram insatisfeitos
sobretudo com a forma que o assunto foi tratado por Rogério Caboclo, que acabou
afastado da presidência da CBF no domingo, após denúncias de assédio sexual e
moral. Ele esteve na Granja Comary no domingo passado (dia 30 de maio), um dia
antes do Brasil ser anunciado como sede da competição, e não falou do tema com
os atletas. Os jogadores pediram uma reunião com o cartola, o que
aconteceu na quarta-feira. Na ocasião, líderes do elenco sugeriram a disputa de
partidas adiadas das Eliminatórias na data em que deveria ocorrer a Copa
América. Eles reforçaram que a insatisfação com o torneio não tinha relação com
um desejo de ter férias. A questão técnica também pesou para os atletas aceitarem
jogar o torneio. Esta será a última oportunidade em que a seleção brasileira
estará reunida por um longo período antes da Copa do Mundo do Catar, em 2022.
Vale lembrar que a Copa das Confederações, que antigamente ocorria no ano
anterior aos mundiais, foi extinta. Durante esta semana em que a disputa ou não da Copa América
foi debatida internamente na Seleção, as entrevistas coletivas dos jogadores
foram canceladas. O único a se pronunciar foi o volante Casemiro, na saída de
campo após a vitória por 2 a 0 sobre o Equador. O volante disse que todos
sabiam qual era a posição dos atletas e da comissão técnica de Tite, mas não
revelou qual era ela: – Nosso posicionamento todo mundo sabe, mais claro
impossível, Tite deixou claro nosso posicionamento e o que nós pensamos da Copa
América. Existe respeito e uma hierarquia que temos que respeitar, e claro que
queremos dar nossa posição – afirmou o volante, antes de prosseguir: – Queremos falar. Não queremos desviar o foco, porque isso
(Eliminatórias) para nós é a Copa do Mundo. Mas queremos falar, expressar a
nossa opinião, se é certo ou não, cada um vai determinar, mas queremos
expressar nossa opinião, sim. Nesta quarta, os atletas e demais funcionários da Seleção
que desejarem poderão se vacinar na sede da Conmebol, no Paraguai. A
imunização, porém, não é obrigatória para os participantes da Copa América. Conmebol tenta
estancar sangria Reuniões tensas entre cartolas. Confrontos políticos.
Preocupações com a Covid-19. Os contornos da Copa América de 2021 - que
originalmente seria realizada na Colômbia e na Argentina no ano passado -
tornaram a missão da Conmebol ainda mais difícil na inesperada nova edição
brasileira da tradicional competição continental. Os cartolas sul-americanos
negociam até o último minuto com cada associação nacional de futebol para
evitar novos sustos. A manifestação da Associação de Futebol da Argentina no
último domingo foi considerada uma vitória pela Conmebol. Ao lado da seleção
brasileira, eram os argentinos quem mais tratavam da possibilidade de
desistirem da competição. A Conmebol autorizou todas as seleções a decidirem se
vão se concentrar na cidade em que forem atuar na Copa América ou não. A Argentina optou por ir e voltar de Buenos Aires, para
ficar no centro de treinamento de Ezeiza, ao lado do aeroporto. Todos os voos
da competição serão fretados, com despesas pagas pela Conmebol. A confederação
sul-americana vai gastar, pelo menos, US$ 40 milhões (R$ 200 milhões) em toda a
organização - número que aumentou para atender todas as demandas num momento de
crise. Outras seleções reafirmaram seus compromissos de atuar na
Copa América. A seleção do Equador já comunicou que voa para o Brasil depois da
partida contra o Peru, nesta terça-feira. Havia reunião marcada para debater o
tema com associação de jogadores locais, mas foi cancelada. A decisão foi por
viajar para jogar a Copa América, sem mudanças de rota.
A condição de outros atletas de seleções - como dos
bolivianos - também sempre foi clara em disputar a competição. A premiação
original para cada participante - US$ 4 milhões - se somou à pressão de
dirigentes de cada associação, que se comprometeram a controlar seus atletas. GE, com Foto: Lucas Figueiredo/CBF
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